quarta-feira, 23 de agosto de 2006

O verão da Spirit

Tenho saudade dos testes de pneus no verão brasileiro.

Não que eu tenha ido a algum deles - não fui e me penitencio até hoje por isso.

Mas naquela época, entre 83 e 89, Jacarepaguá fervilhava.

Foi lá onde eclodiu a ridícula briga Piquet vs Senna, alimentada por um repórter de um jornal que só queria manchete para vender mais que "O Globo".

Era lá onde víamos as novidades da temporada, quentíssimas, aos nossos olhos.

E onde também aconteceu um dos maiores malogros da carreira de um grande campeão.

Janeiro de 1984. Em meio à alcatéia de equipes participando do teste - talvez as únicas exceções daquela vez foram a Brabham (andando em Kyalami), a Osella e a RAM, que pouco testavam, uma chamava a atenção: a Spirit.

Esta equipe veio da F-2 trazida pela Honda para desenvolver e dar quilometragem a seu motor turbo no ano anterior. Estreou em Silverstone com Stefan Johansson e o melhor resultado do carro foi um sétimo lugar em Zandvoort, na Holanda.

O acordo com a Honda acabou mas a pequena marca britânica seguiu para a temporada seguinte com motores Hart Turbo de 4 cilindros, os mesmos da Toleman. E num tremendo golpe publicitário, ninguém menos que Emerson Fittipaldi fora convidado para treinar com o carro da Spirit em Jacarepaguá.

Afastado da Fórmula 1 havia quatro anos, nosso bicampeão andava de Superkart na época (lembram?) e foi testar com o Spirit, enquanto o italiano Fulvio Ballabio, o homem da grana - levou patrocínio da editora Mondadori, que detinha para o seu país o direito de distribuir as revistinhas dos personagens Disney - tentava desembaraçar a questão da Superlicença para poder correr em 84.

A Spirit achou que teria seus problemas resolvidos. Dinheiro no cofre e um bicampeão no volante. Mas depois de três ou quatro saídas com o carro, Emerson reconheceu que o Spirit era um "cheque sem fundo". E Ballabio, coitado, não conseguiu convencer a FIA de que merecia uma chance na F-1. Foi vetado, ao contrário do medíocre François Hesnault, que pagava para correr pela Ligier.

O que aconteceu foi o seguinte: Mauro Baldi foi convocado para correr na Spirit e fez sete corridas, chegando em três delas (África do Sul, San Marino e Europa) na oitava posição. Huub Rothengatter fez igual número de GPs e também conquistou como melhor resultado um oitavo, no GP da Itália.

Com o dinheiro miando, a Spirit naufragou na quarta etapa da temporada de 1985. Faliu e despontou para o anonimato. Exceto pelo verão de 1984, quando Emerson deu um pouquinho de visibilidade para a equipe.

4 comentários:

Anônimo disse...

Pô Mattar ,tá faltando a foto,ou não abriu no meu computador.
De qualquer forma, lembro direitinho a chamada no jornal nacional daquele ano,quando vi os carros da Spirit semicobertos ,fiquei feliz da vida achando que o Emerson voltaria,mas depois veio a realidade .
Gostava mais quando não tinha esse limite de equipes,aparecia cada coisa, mas ao mesmo tempo dá chances para novos profissionais ,sempre tem um que desponta ,lembram-se do Alan Jenkins ?
Ele fez um Penske Pc15 em 86 na Cart que não deu certo,depois foi atravez da Onyx que o cara entrou em F1.
Salve as pequeninas!

Jonny'O

Anônimo disse...

Tava esquecendo do Gary Anderson ,antes de fazer o lindo Jordan de 1991,ele colaborou no desenho do também bonito Eurobrum prateado de 90,o Moreno dirigiu o carro.
Salve as pequeninas II !

Jonny'O

Anônimo disse...

Andei pelos Boxes nestes treinos. O Spirit era um carrinho de F! muito feio e com um acabamento bem ruim. Acho que ainda era um F2 "Bombado".

Anônimo disse...

Putz, fui a todos os testes, meu tio trabalhava na época como comissário técnico e ia eu lá com ele a tiracolo ficar zanzando dentro dos boxes, uma das coisas que me lembro bem, eplo inusitado, foi durante um teste do BT 55 "skate" ver o Gordon Murray de melissa transparente, bermuda esfarrapada e camiseta rôta de tão velha que era, uma figuraça !!!!! quem o visse não podia imaginar que era um dos maiores projetistas de F1 !!!
tenho até hj um boné autografado pelo Rosberg, Piquet e Lauda, cara bons tempos esse que os boxes não eram cheios de gente que nunca viu uma corrida, que não tem o minimo apreço ao automobilismo e só quer aparecer, o clima era bem mais relax com os mecãnicos e pilotos bem mais acessíveis a um autógrafo ou até a um bate papo hj o negócio tá asséptico demais !

Valeu Rodrigo, me fez puxar da memória um monte de coisa boa.

Abraço