A notícia da contratação de Nelson Ângelo Piquet pela Renault foi um tremendo bálsamo num day after carregado de tristeza. O choro da comunidade automobilística e o tremendo e respeitoso silêncio que se fizeram sentir em Interlagos foram fichinha perto da dor da família Sperafico, na perda trágica do jovem Rafael.
Eu costumo dizer que não tenho relações de amizade com qualquer piloto. Acho que só o respeito que podemos ter entre nós já é mais do que suficiente para ótimos momentos de conversa ou mesmo (e principalmente) excelentes informações, fundamentais para o nosso trabalho - quer seja em rádio, jornal, TV ou internet.
Pois há duas semanas atrás, quando a Stock esteve em terras cariocas, este escriba caminhava pelo paddock alagado e chuvoso de Jacarepaguá, quando à minha esquerda desponta uma figura conhecida: era Rafael Sperafico, chamando para um papo.
E não foi um papo curto, como costuma ser nessas ocasiões. Pra alguém notoriamente tímido como ele, tratou-se de uma conversa longa, franca, sobre frustrações no automobilismo, a carreira internacional prematuramente interrompida, a passagem pela Super Clio, a estréia na Stock Light, o futuro para 2008, uma possível permanência na Full Time Sports, vislumbrada no horizonte... despedimo-nos com um abraço forte. Ele iria treinar e eu voltava à sala de imprensa para poder atualizar meu blog.
Os sonhos e planos de Rafael Sperafico foram bruscamente interrompidos ao fim da sétima volta de uma corrida que, como já disse em postagem anterior, foi marcada pela imprudência de dezenas de pilotos. André Bragantini Jr., vice-campeão da categoria Light e outro por quem tenho grande estima, estava indignado com a quantidade de rodadas em tão poucas voltas. Fernando Parra foi taxativo: "Os que rodam, batem e provocam acidentes são sempre os mesmos."
Lições serão tiradas desta tragédia. Quem sabe a FIA finalmente percebe que Interlagos precisa de uma área de escape na Curva do Café? Quem sabe a Vicar e a JL se cotizam para que se apresse o lançamento do carro novo?
A Stock não é tida como a categoria "top" do automobilismo brasileiro?
O momento é de união e não se pode pensar em proveito próprio, em egoísmos e egocentrismos baratos. A Stock precisa rever conceitos. Deixar 34 carros correndo a cada etapa já é um passo, porque os mais fortes sobreviveram e por merecimento, têm que correr. Se é para o bem de todos, que se gaste mais no orçamento e sejam implementados novos conceitos de segurança.
A Nascar tem, em cada carro, pelo menos cinco barras laterais sobrepondo uma a outra. E lá, não existem pilhas de pneus nos ovais. Quando se bate, é no muro que o carro vai. Ok... eles até atravessam a pista em alguns incidentes. Mas a segurança passiva dos Stocks estadunidenses é praticamente perfeita.
Voltando ao assunto lá do primeiro parágrafo, torço claramente para que NAP tenha uma estréia digna na Fórmula 1. Ele assume um discurso a princípio perfeito: o do aprendiz que tem muito a ganhar na companhia de Fernando Alonso. Ótima estratégia, assim ele sabe que não poderá ser muito cobrado, embora o peso do sobrenome Piquet em algum momento lhe venha cobrar a conta.
Mas não duvidem: ele será um concorrente de respeito a partir de 2009.
E, quem sabe, um futuro campeão do mundo.
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É sabido que o anúncio oficial da dupla Alonso-Piquet foi feito ontem. Mas, na quinta-feira, quando estava num táxi em plena Av. Água Espraiada a caminho do hotel, em Sampa, recebi uma ligação. Era o companheiro de trabalho Virgílio Dias, me consultando sobre o imbroglio da espionagem da Renault, cujo veredito acabara de sair.
Depois que terminou de falar, falei pra ele:
"Pode escrever aí, até segunda-feira, a Renault confirma Alonso e Nelson Ângelo Piquet como sua dupla para 2008. E o Kovalainen deve ir para a McLaren."
Bem... parte da previsão foi certeira. Falta confirmar o resto.
Um comentário:
Podes me passar os números da mega sena também? Brincadeiras a parte, Nelsinho vai fazer bem em não bater de frente com Alonso e pra quem sabe em 2009, talvez sem o espanhol, ganhe terreno e seja um piloto muito melhor que Lewis Hamilton. Ele provou ser um piloto, no mínimo, do mesmo nível do Inglês numa equipe menor e sem a mesma experiência de uma Art Grand Prix. Não duvido que até 2011 o brasileiro já não tenha conquistado um título.
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