quinta-feira, 27 de abril de 2006

Guilherme de Brito (1921 - 2006)

Há alguns anos, acho que uns oito, ouvi pela primeira vez no disco Casa de Samba 2, uma música lindíssima, que tinha os seguintes versos:

Tire o seu sorriso do caminho
Que eu quero passar com a minha dor
Hoje pra você eu sou espinho
Espinho não machuca a flor

Eu só errei quando juntei minh'alma à sua
O sol não pode viver perto da lua

É no espelho que eu vejo a minha mágoa
A minha dor e os meus olhos rasos d'água
Eu na sua vida já fui uma flor
Hoje sou espinho em seu amor

Versos e palavras marcantes, fortes e pungentes de um dos compositores mais marcantes da MPB: Guilherme de Brito.



Que infelizmente foi para o andar de cima no fim da tarde de ontem.

Aos 84 anos, Guilherme imortaliza uma obra de grandes sambas, quase sempre em parceria com o notório mangueirense Nelson Cavaquinho, morto há vinte anos.

Morador de Ramos (mais um!), o compositor fez obras-primas como "A Flor e o Espinho", "Pranto de Poeta" e "Folhas Secas" - esta talvez a música mais marcante da parceria entre Nelson Cavaquinho e Guilherme de Brito.

Quando eu piso em folhas secas
Caídas de uma mangueira
Penso na minha escola
E nos poetas da Estação Primeira

Ele não era propriamente um poeta da Estação Primeira, sequer freqüentava a quadra, mas convivia dioturnamente com vários deles - não só Nelson Cavaquinho como também Cartola, Carlos Cachaça e vários outros baluartes da Manga.

"Folhas Secas" caiu no gosto popular e é uma música sob medida para outra mangueirense, a cantora Beth Carvalho, que lamentou profundamente não só a morte mas também a falta de reconhecimento que um compositor do quilate de Guilherme de Brito deveria ter.

Sou obrigado a concordar com cada uma de suas palavras.

Um comentário:

Luly disse...

Quando vi essa notícia ontem comentei com minha irmã... o 'Saco de Gatos' vai estar de luto hoje.
Que bom que existem pessoas como você que sempre reconhecem o trabalho de pessoas talentosas.
Bjo.