quinta-feira, 16 de agosto de 2007

Carros de uma corrida só (parte 3) - Amon AF101

O neozelandês Chris Amon é tido até hoje como um dos mais azarados pilotos da história do automobilismo. Trocava de equipe como quem troca de camisa e quando deixava um carro, imediatamente ele se tornava competitivo no ano seguinte. Foi assim com a Ferrari e a March, por exemplo.

Na Matra-Simca, mostrou velocidade e muita competência a bordo do lendário modelo MS120 com motor de 12 cilindros - mas quando tinha a vitória nas mãos, como no GP da França em Clermont-Ferrand, no ano de 1972, um pneu furou e ele foi apenas o terceiro colocado.

A falta de sorte também o acompanhava em suas escolhas infelizes. Em 73, aceitou o convite dos irmãos Pederzani para desenvolver o Tecno-Martini e se indispôs com a escuderia em razão da falta de competitividade total do carro. No fim do ano, foi inscrito pela Tyrrell para guiar o terceiro carro da equipe em Watkins Glen e nem teve chance de correr, pois François Cévert sofreu um acidente fatal.

Assim, com apoio financeiro de John Dalton, Chris Amon pôs em prática seu projeto mais ambicioso: construir - e correr - com seu próprio Fórmula 1, privilégio conseguido apenas por Jack Brabham, Bruce McLaren, Dan Gurney e John Surtees até aquela data.

O projeto de Gordon Fowell, como visto na foto abaixo, era sem dúvida muito interessante, com o aerofólio traseiro formando uma peça única com a suspensão. A dianteira em cunha lembrava o McLaren M23 e o castelo do cockpit, o March 731. Não era um carro bonito, mas o importante, segundo Amon, era largar no máximo de corridas para conseguir o fundamental: mais dinheiro.


O modelo AF101 com motor Ford Cosworth V-8 e pneus Firestone apareceu na quarta etapa do campeonato de 1974 - a primeira da fase européia - no circuito espanhol de Jarama. Chris classificou-se no 23º lugar entre 25 que puderam alinhar (havia também Guy Edwards, com Lola e Tom Belso, com Iso-Marlboro, desclassificados). O neozelandês andou em último, ou entre os últimos, até desistir na 22ª volta com problemas de freios.

Para o GP da Bélgica, com inacreditáveis 35 inscritos, Amon não conseguiu alinhar seu carro. Em Mônaco, a quebra do distribuidor o impediu de tentar a classificação. Após quatro provas ausente, Chris Amon foi para a disputa do GP da Alemanha em Nürburgring mas, adoentado, não correu. Cedeu o lugar ao jovem australiano Larry Perkins, que não se classificou.

Em Monza, novo desastre e o neozelandês desistiu da aventura. Convidado pela BRM para correr as duas provas finais, apresentou-se no GP do Canadá pela nova equipe. Até 1976, ano em que se retirou da Fórmula 1, Chris ainda correu com o Ensign - carro com o qual chegou a fazer excelentes apresentações - e depois tentou em vão classificar o Wolf-Williams para os GPs do Canadá e dos EUA.

No ano seguinte, provando que conhecia do riscado, indicou um rapaz franzino, baixinho, que conhecia da Fórmula Atlantic estadunidense, para Daniele Audetto, diretor da Ferrari. Seu nome? Gilles Villeneuve.

O resto é história. Hoje com 64 anos de idade, Chris Amon leva uma vida pacata na Nova Zelânda e está totalmente afastado do automobilismo.

5 comentários:

Anônimo disse...

Esse carro do Amon praticamente não correu, mas em compensação foi um dos mais modificados que eu já vi, desde sua apresentação até sua precoce e definitiva "aposentadoria" passou por diversas configurações.

A mais interessante ao meu ver foi a original, que tinha um bico em cunha semelhante ao lotus 72 (sem as asas dianteiras) com o aerofólio montado sobre a linha do eixo dianteiro, algo muito bizzarro.

Essa configuração da foto foi uma das subsequentes, creio que a versão final, pois antes dessa ele ainda apareceu com um bico em formato de limpa trilho (parecido com o Tyrrel 001 e March 761) e com os radiadores laterais deslocados para nariz do carro.

apesar dessa verdadeira "salada" o carro nunca se mostrou minimamente competitivo, apesar de contar com soluções interessantes para época como o tanque de combustível entre o piloto e o motor.

Filipe W

Anônimo disse...

Não há muito o que dizer,o Mattar já despejou todas as informações e o WWW disse o que sobrava.
Acho que pela pintura toda lisa do carro a falta de grana foi fundamental,e acho também um absurdo o regulamento de hoje em dia ,limitando o numero de inscritos, devia ser livre ,que venham os aventureiros,para a alegria dos malucos aqui!

Jonny'O

Anônimo disse...

Eu tenho uma informação:
Este Carro foi restaurado em Londres em 2004 e foi reportagem (eu a tenho) da Autosport Inglesa. Dizia-se que ano passado iria andar em Goodwood. O Carro está com o da foto, com Bico tipo Lotus 72.

Rodrigo Mattar disse...

Caíque, dá uma scanneada na reportagem e manda pra mim!
Abrs

Anônimo disse...

Rodrigo,

Já enviei,

Um abraço.