quarta-feira, 29 de novembro de 2006

Os "Frescões" tiveram seu auge na Cidade Maravilhosa

Em 1973, a frota de ônibus do Rio de Janeiro ganhou um upgrade com a adoção dos primeiros veículos com ar condicionado, idênticos aos modelos que faziam as viagens interestaduais e os carros da chamada "Tarifa A", que faziam a ligação entre a Praça Mauá e os municípios da Baixada Fluminense.

Estes ônibus super confortáveis, com poltronas de couro ou courvin, música ambiente e cortinas, foram chamados imediatamente de Frescões, e foram um tremendo achado para uma cidade onde o verão é mais verão em grande parte do ano.

Na sua grande maioria, o ponto de partida era o Terminal Rodoviário Menezes Cortes, no Castelo - exceção feita a uma ou outra linha, que saíam da Rodoviária Novo Rio ou dos Aeroportos Santos Dumont e do Galeão.

Lembro que as linhas da Real para a Zona Sul e os ônibus da Redentor (mais tarde os da Campo Grande) tinham seu ponto na Erasmo Braga. As demais eram dentro do Edifício-Garagem. Na primeira fila, ficavam as empresas Pégaso, São Silvestre, Caprichosa, Três Amigos e Forte Auto Ônibus.

Na outra, as restantes: Paranapuan, Matias, Alpha, Acari e Auto Diesel. Ao todo, saíam trinta e sete linhas de Frescões do Castelo para diferentes pontos da cidade - da Urca até Santíssimo.

Em Ramos, onde eu morava na infância, passavam quatro linhas - as duas operadas pela Três Amigos (Castelo-Vicente de Carvalho e Castelo-Penha) e as duas da Forte (Castelo-Vaz Lobo e Castelo-Vila da Penha).

Os ônibus eram normalmente de chassis e mecânica Mercedes-Benz, encarroçados pela Ciferal, Nielson e Marcopolo.

Algumas das linhas de Frescões, em seu auge, chegaram a ter 100 mil passageiros/mês. Mas como a manutenção dos veículos começou a ficar custosa, pouco a pouco as frotas foram retiradas de circulação - ou algumas empresas, no caso da Forte, foram liqüidadas.

Em 1985, restavam apenas a Real, a Redentor e a Pégaso operando linhas com Frescões. A Três Amigos resistiu o quanto pôde, mas num belo dia em que eu estava querendo viajar para o Centro no ônibus especial, ele não passou. Fiquei sabendo que a linha fora definitivamente extinta no dia anterior.

Algumas linhas até reativaram o sistema de transporte especial com ônibus sem ar, caso da Viação Rubanil, que pôs alguns coletivos saindo do Passeio para o Irajá. A Ideal comprou modelos Ciferal Dinossauro com mecânica Scania, da Cometa, e colocou para rodar. Breda, Auto Diesel e outras empresas também voltaram com os Frescões, que mesmo sem o encanto de outrora, continuam rodando à vontade no Rio de Janeiro.

Se bem que como os ônibus comuns já têm ar condicionado...

Um comentário:

Anônimo disse...

Eu comprava meu carnet mensal para os Alpha, todos os dia 1 no terminal da Usina, sempre na mesma poltrona. Teve um ano que fizemos uma festa de natal no próprio ônibus e saiu no JB.