sexta-feira, 24 de novembro de 2006

Antes que acabe...

O fim de semana de encerramento do que se chama de "Speed Show", com a disputa da Copa Clio, da Fórmula Renault, da Super Clio e da F-3 Sul-Americana, é o último da marca francesa no automobilismo brasileiro.

Aliás, nenhuma surpresa nisto. Por mais que a montadora, que tem sede em Curitiba aqui no país, tenha apoiado a criação de categorias similares às já existentes na Europa desde 2001 e entregue a organização a cargo da PPD Sports de Pedro Paulo Diniz, o evento nunca decolou.

Ok... é claro que os dois primeiros anos foram muito bons, especialmente entre os monopostos, com os 30 carros trazidos da Itália enchendo o grid e promovendo boas corridas e disputas. Mas a fonte secou.

E secou por que?

Porque a entressafra de pilotos bons, com P maiúsculo, que saem do kart direto para as competições, têm sido tão grande quanto preocupante. Afora isso, os custos proibitivos. A F-Renault, até o começo deste ano, usava pneus importados e numa tentativa de aumentar o grid, trocou-se o fornecedor: saiu a Michelin, entrou a Pirelli.

E por mais que as equipes tenham dominado a tecnologia e o desenvolvimento mecânico e aerodinâmico dos carros, isto implica em investimentos em mão-de-obra, material humano competente e no aumento dos orçamentos.

Não é à toa que a categoria teve uma média de 20 carros por prova este ano - boa, se comparada a de 2004 e 2005, quando correram às vezes doze, treze pilotos.

Pior: a categoria deixou de ter a visibilidade que tanto almejava. Os quatro primeiros anos foram bons, até excelentes, neste aspecto. Mas o televisionamento minguou e este ano, com mais rodadas duplas, as corridas dos sábados foram vistas por ninguém. E as más-línguas dizem que a vaidade dos organizadores (leia-se Pedro Paulo Diniz e André Ribeiro) sempre esteve acima de qualquer benfeitoria para o campeonato.

A Copa Clio se sustentou bem pelo interesse suscitado em competir num carro de preparação limitada, com pneus slicks, razoavelmente rápido e que proporciona disputas inenarráveis. Com a adoção de motores a álcool, a categoria voltou a ser atrativa em 2006, recuperando um pouco do prestígio perdido no ano passado.

A recém-nascida Super Clio, através de um esforço inaudito da Action Power, que montou os carros, teve dezenas de problemas de logística, incluindo falta de câmbios e problemas sem-fim com os turbocompressores. Chegamos ao fim do campeonato e a categoria nunca correu oficialmente com os motores na configuração pré-determinada por regulamento.

E o que dizer da Fórmula 3, coitada?

Outrora um imenso manancial de talentos e de uma intensa rivalidade Brasil x Argentina, a única categoria continental é uma piada. Não possui sequer uma equipe de fora do nosso país. Todos os pilotos são brasileiros. E, pior, o motor Ford-Berta desenvolvido pelo mago portenho em Alta Gracia, não é propriamente uma mecânica homologada para a F-3, pois tem 2.300cc ao contrário de todos os outros torneios existentes, onde se usam motores 2 litros.

Nisso, ocorre a triste constatação.

Tirando a Stock Car, que outro campeonato consegue se manter pujante no automobilismo nacional?

Tem mais: pouco a pouco, o Brasil vai ficando igual aos nossos vizinhos argentinos. Quase zero de pilotos indo tentar a sorte na Europa, para alcançar a Fórmula 1.

É melhor aproveitar a turma que está tentando chegar lá, enquanto é tempo. Antes que acabe.

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