Cresci acostumado a ver no globo terrestre ou no mapa-mundi - certa vez ganhei um, enorme que, por falta de conservação foi destruído (uma pena) - a União Soviética como o maior país do planeta.
Também vi a Tchecoslováquia, a Iugoslávia e a Alemanha fragmentada.
Com a Glasnost de Mikhail Gorbachev veio o processo de separação das antigas repúblicas da URSS e o então maior país do mundo (territorialmente falando, volto a repetir) foi dividido em Rússia, Bielo-Rússia, Geórgia, Letônia, Lituânia, Armênia, Estônia, Azerbaidjão, Uzbequistão, Turcomenistão, Tadjiquistão, Quirguízia, Moldávia, Cazaquistão e Ucrânia.
Quinze novos países saídos de um só, portanto.
A Tchecoslováquia se dividiu em duas. Nasceram a República Tcheca e a Eslováquia. O Muro de Berlim caiu e a Alemanha finalmente se unificou em uma só nação.
Mas o processo mais sangrento de separação aconteceu com a antiga Iugoslávia.
Durante anos o país foi comandado com mão de ferro pelo marechal Josip Tito, de origem croata. Foi um governo socialsta que durou três décadas e meia até a morte do militar, em 1980. Com todos os processos acima citados, as tensões nacionalistas voltaram à tona.
A independência da Eslovênia foi a senha, seguida da Croácia. E quando a Bósnia-Herzegovina, de maioria esmagadora muçulmana, declarou sua autonomia, os sérvios, cristãos ortodoxos, protestaram.
Surgiu a guerra da Bósnia, que durou três anos e fez a região balcânica ficar banhada em sangue. Foram 250 mil mortos e a OTAN teve de intervir. Finalmente, em 1996, a Bósnia era considerada oficialmente independente.
Não obstante, a Macedônia também tornara-se república quatro anos antes. A Iugoslávia se reduzira apenas à Sérvia e Montenegro. E os protestos recorrentes prosseguiram quando os kosovares (de origem albanesa) protestaram contra as arbitrariedades do então presidente Slobodan Milosevic. E foram à luta. O resultado foi outra batalha sangrenta que só teve fim com a interferência direta da OTAN.
Atualmente, o território do Kosovo é um protetorado sob os olhares atentos da ONU.
O episódio derradeiro do fim da Iugoslávia aconteceu dias antes da Copa do Mundo.
Em referendo, 55,4% dos 700 mil habitantes de Montenegro votaram pela separação da Sérvia. O país se classificara de forma convincente para o Mundial e, depois de pífiia campanha, foi eliminado como o pior time entre 32 seleções. Muitos dizem que, além da incompetência do técnico Ilija Petkovic, o elenco rachou etnicamente e por isso fracassou na Alemanha.
O certo é que vimos pela primeira e única vez a seleção da Sérvia e Montenegro numa Copa do Mundo. E pior, ouvindo sempre o hino da Iugoslávia na abertura de cada partida.
Que por sinal não era cantado por absolutamente ninguém.
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