domingo, 10 de setembro de 2006

Rei morto, rei posto


O rei morreu, viva o rei!

A Fórmula 1 não sentirá nenhuma falta de Michael Schumacher.

Os inúmeros recordes e seus sete títulos entram para a história. Serão lembrados por fotografias, imagens, dados, et cetera.

Mas tento puxar pela memória e não consigo, sinceramente, me recordar de qualquer momento de genialidade do piloto alemão.

Vencer 90 vezes não é pra qualquer um? Claro que não. Mas me digam: quantas vezes ele ganhou sem a ajuda da estratégia de reabastecimentos?

Ano passado, quando as trocas de pneus durante essa operação foram proibidas, só lhe foi possível vencer o malogrado "GP de seis" em Indianápolis.

Você, amigo leitor do blog, lembra de alguma ultrapassagem, alguma manobra, algum lampejo realmente de gênio do Schumacher?

Como a minha memória é boa, lembro dele ter levado um passadão do Villeneuve (aquele mesmo piloto com quem um conhecido locutor implicava) POR FORA na curva Parabólica do Estoril - o tipo de ultrapassagem que só um bota pode fazer;

Lembro da sensacional manobra de Mika Hakkinen em Spa contra ele e Ricardo Zonta, numa dupla ultrapassagem que deixou o alemão falando sozinho;

Da espremida e do arrojo desmedido de Juan Pablo Montoya na segunda corrida do colombiano na F-1, em Interlagos, na entrada do Esse do Senna;

E de dois passadões do Fernando Alonso sobre o alemão - o primeiro na dificílima curva "130 R" de Suzuka e outro no GP da Hungria deste ano.

Em contrapartida, o que temos do alemão além de 247 corridas disputadas, 90 vitórias, 153 pódios, 69 pole positions, 75 recordes de volta em prova, 22 grand slams (pole, melhor volta e vitória de ponta a ponta), 130 corridas na liderança, 4.768 voltas em primeiro e um total de 22.522 km andando na frente de todo mundo?

Números entram para a história, isso é fato. Mas e o duvidoso caráter de Schumacher?

Ficam na história suas manobras sujas, escusas, contra Hakkinen na F-3 em Macau, contra Hill em Adelaide, contra Villeneuve em Jerez e em Mônaco neste ano, sem contar os episódios absurdos perpetrados por ele na Ferrari, como a patética chegada em A-1 Ring (2002), a fechada acintosa para cima de Rubinho em Indianápolis ano passado e a largada em ziguezague na Turquia, vistos com um olhar pra lá de duvidoso pela FIA, que agora teima em castigar Alonso e a Renault como se estivéssemos nos tempos da inquisição.

Poucos ousam dizer: a Fórmula 1 sobreviverá sem Michael Schumacher. Mas a frase tem todo o sentido.

Temos um Alonso, um Raikkönen, um Kubica, um Kovalainen, para 2007.

Teremos um Piquet, um Hamilton, um Vettel, provavelmente para 2008.

Haverá renovação. Há qualidade. Há vida na Fórmula 1 depois de Michael Schumacher.

O rei morreu, viva o rei!

6 comentários:

Anônimo disse...

O amigo Rodrigo está coberto de razão. Já vai tarde! E que vá para o inferno, sem escalas!

Você, que acabou de ler esta crônica e está lendo este comentário, lembre-se: por ser testemunha ocular dessa história toda, você tem o dever moral que contar aos seus filhos e netos quem foi esse pilantra.

Números não podem ser maiores que uma coisa chamada caráter. Por favor, não repasse essa lorota de "genialidade" para as próximas gerações. A história agradece.

Anônimo disse...

Rodrigo,
Ao contrário de um monte de invejosos, acho que o Schumacher será lembrado por anos, talvez século como o maior de todos os tempos. É óbvio que isso é uma questão de opinião, mas se qualquer parte fizer a lista dos 3 maiores, o Alemão será o unico que estaré em todas (falo de coisa séria e não de frustados que acham que porque não gostam do sujeito este tem que morrer).

Respondendo ao que você postou, me lembro de pelo menos 3 ultrapassagens espetaculares do Schumacher: Imola/06 sobre o Button na freada da Chicane, Mansell em Spa(não sei o Ano, mas acho que tem no You Tube e foi em 92) e Coulthard na Autralia . No you tube tem várias.

Rodrigo Mattar disse...

Ainda assim, por mais que tenham havido momentos de genialidade, são superados de longe pelas falcatruas e pelas manobras que outros pilotos lhe impingiram.

Anônimo disse...

Na F1 alguns são lembrados, muitos esquecidos, mas falta, no sentido do público deixar de ver f1 por causa da aposentadoria do Schummy, com certeza (prá mim pelo menos) não há a menor chance, ninguem ali é insubstituivel, agora no íntimo de cada um é uma questão puramente pessoal.

Anônimo disse...

Que isso Xiita Mattar ,
O home é fera!
Pelo menos nos resta um fato.
O Piquet foi o unico companheiro do tedesco que não foi batido.

Jonny'O

Luly disse...

Eu nunca gostei dele, mesmo... sempre o achei arrogante, apesar de não acompanhar fórmula 1. Um campeão precisa de carisma para ser também um ídolo.
Parabéns a ele pelas conquistas, mas pra mim não vai fazer falta, não.
Luly.