sexta-feira, 31 de agosto de 2007

A volta dos enigmas


Vamos lá: o carro, todo mundo sabe, é o Opala. Mas o que eu quero saber é o seguinte: em que ano é essa corrida, os pilotos e a pista.

Todo mundo botando a mufa pra queimar!

Interminável Paulão

A marca registrada de Breno Fornari - o número 35 - foi marcante na vida de outro interminável nome do nosso automobilismo: Paulo Gomes.

Foi com um Puma 1.900cc número 35 preparado pela Marinho Veículos - do lendário Marinho César Camargo Filho - que Paulão e Sérgio Louzada, mais Paulão do que Sérgio, assombraram nas Mil Milhas de 1970, ultrapassando a possante e velocíssima Ferrari 512 de Corrado Manfredini e Gian Piero Moretti, a grande atração da competição. Liderando com o GT de fabricação nacional, Paulão fez seu nome e despontou para o esporte, iniciando ali uma trajetória de vitórias e títulos.

Opala, 22 e Paulão: uma combinação vencedora nos anos 80

Quatro vezes campeão na Stock Car e outras tantas em diversas provas e categorias, o interminável Paulão está de volta à principal categoria do automobilismo nacional depois de quatro anos ausente. E como não poderia deixar de ser, carregando em seu VW Bora o número 22 na prova do próximo sábado em Curitiba.

Mais: para arrancar lágrimas do veterano piloto, basta dizer que ele dividirá a pista com seus dois filhos, Pedro e Marcos Gomes, que também correm na Stock.

Seja de novo bem-vindo, interminável Paulão. Interminável tetracampeão.

Monza, dia 4 - final

Nove equipes - com exceção feita à Renault e Spyker - esticaram os testes coletivos em Monza por causa das chuvas que caíram na região da Lombardia na quinta-feira. E teria sido melhor para a concorrência se assim não o tivessem feito, pois a McLaren (de novo) ficou com a marca mais rápida do teste coletivo.

E desta vez, quem estava na pista não era nenhum dos titulares, e sim Pedro de la Rosa. O espanhol, piloto-reserva e de testes, deu um total de 55 voltas e a melhor delas em 1'23"285 foi apenas quatro milésimos melhor que a de Felipe Massa - na menor vantagem entre primeiro e segundo em todos os dias de treino.

Mas o placar é inclemente: goleada de 4 x 0 da McLaren sobre a rival de Maranello.

A BMW se consolidou no terceiro lugar com Kubica, trazendo Nico Rosberg em quarto. A seguir, vieram Jenson Button, Vitantonio Liuzzi, Ralf Schumacher, David Coulthard e Anthony Davidson.

Sexta-feira que vem, é à vera.

Será que vai dar goleada de novo?

O adeus do 35

Silenciosamente, sem alarde, um grande campeão do nosso automobilismo se despede da vida.

Breno Fornari, lenda das Carreteras do Rio Grande, dono do indefectível número 35 nas competições vida afora, faleceu neste 31 de agosto, aos 82 anos de idade.

Por mais de duas décadas, seu sobrenome figurou entre os inscritos das mais diferentes corridas em sua terra e no país - especialmente nas Mil Milhas de Interlagos, onde foi campeão em 1956 correndo em dupla com outra lenda: Catharino Andreatta.



Breno e Catharino: uma parceria vitoriosa - e tricampeã

Breno e seu parceiro não deixaram por menos, vencendo a prova outras duas vezes, em 58 e 59, sempre a bordo de possantes Carreteras com motor Ford Edelbrook. Nos anos 60, ele trocou a Carretera pelos Simca, correndo com os carros da marca francesa por oito anos. Também guiou o Protótipo Regente, o Opala (foi 3º ao lado de Milton Amaral, o saudoso "Pau-Queimado", numa prova de Divisão 3 em Tarumã, 1971) e até os Bino de Fórmula Ford. Sua última corrida foi em Interlagos, no dia 27 de maio de 1973, terminando na 12ª colocação.

Fosse qual fosse o carro, lá estava o 35 nas pistas. Aqui, Breno com Simca, nas 12 Horas de Porto Alegre, 1963

Abriram a torneira!


São Pedro caprichou e abriu a torneira na região de Santa Mônica, onde fica o circuito de Misano Adriático.

A foto acima é um retrato do que aconteceu nesta sexta-feira. A chuva inclemente inundou a pista, os boxes e a saída do pit lane.

Enquanto os pilotos puderam andar, Marco Melandri fez o melhor tempo do dia na MotoGP. Não houve os treinos oficiais das categorias 250 e 125cc, que foram cancelados e amanhã - se houver condições – as motos saem para a pista para definir o grid.

Agora, dá o que pensar: uma pista internacional com homologação da FIM, com um sistema de drenagem péssimo como este, que permite o alagamento do asfalto? Como pode ter corrida ali?

Simples: ela vai acontecer porque é na Itália. Fosse no Brasil, o evento já teria sido cancelado.

Ou não?

O dia em que a Ferrari vestiu azul


Lembram da canção de Wilson Simonal que dizia assim: "Vesti azul... minha sorte então mudou..."?

Pois é: a foto, raríssima, é uma indicação do leitor Clébio, de Sete Lagoas (MG). No meu post sobre a miniatura da 512 da Penske-White, eu questionei se era lenda ou não a história da Ferrari correndo de azul na Fórmula 1.

Não. Não é, como revela a imagem.

Mas cabe explicação. A Scuderia Ferrari não se inscreveu oficialmente para as duas últimas provas do ano - EUA e México - mesmo com John Surtees na briga pelo título. A solução foi colocar os dois carros sob a égide da NART - North American Racing Team - representante do Cavallino Rampante no território estadunidense.

E as cores da NART eram branco... e azul.

Com os carros Ferrari nestes tons, John Surtees e Lorenzo Bandini partiram para as provas finais. Em Watkins Glen, prova que teve o primeiro jornalista brasileiro a cobrir uma corrida da categoria máxima (Mauro Forjaz, da Autoesporte), Surtees chegou em segundo a mais de 30 segundos para Graham Hill, que sempre se deu bem no circuito localizado a 50 km de Nova York.

O inglês da BRM tinha 41 pontos no total e teria que descartar um quinto lugar, baixando para 39. John Surtees, com 34, precisaria vencer ou no mínimo chegar em segundo - evidentemente com Hill fora dos pontos - para ser campeão.

Pois bem: no México, Hill fez uma corrida desastrosa e chegou em 11º - atrás até do piloto local Moises Solana. Surtees chegou a andar em décimo, rapidamente passou para terceiro e depois baixou para quarto, atrás de Lorenzo Bandini, com a outra Ferrari.

O proverbial azar de Jim Clark, campeão de 1963, se fez presente na penúltima volta. Quando ele liderava, a Lotus parou em razão de um dano mecânico. Dan Gurney, com a Brabham-Climax, venceu e Bandini, que vinha à frente de Surtees, tirou o pé e permitiu a ultrapassagem do inglês - que assim conquistou o título mundial de pilotos na temporada 1964.

quinta-feira, 30 de agosto de 2007

Monza, dia 3

Três-zero. Esta é a equação até aqui dos testes coletivos da Fórmula 1 em Monza, pró-McLaren. A escuderia inglesa voltou a ser mais rápida que a rival e - claro - que as outras escuderias, num dia marcado pela presença da chuva.

Alonso sentou a bota e foi o mais rápido da sessão de testes com nada menos que 0"923 sobre a BMW de Robert Kubica e quase um segundo mais veloz que a Red Bull de David Coulthard, que fez boa presença nesta quinta.

Felipe Massa, que passou os últimos minutos nos boxes em razão de uma falha em seu carro (xii...) foi o quarto, a 1"035 do espanhol e completando no total 49 voltas. Ele foi o único brasileiro que andou hoje.

Sakon Yamamoto andou com o Spyker F8-VIII/B e foi o penúltimo do dia, mas a apenas 0s2 da Toyota com Ralf Schumacher no comando.

E em razão do mau tempo, as equipes estenderam em um dia a programação de testes.

Será que nessa avant-premiére a McLaren colocará a Ferrari de quatro?

Pequenas maravilhas II - Ferrari 512

Gostaram da foto aqui abaixo?



Eis uma reprodução praticamente fiel em escala 1/64, produzida pela Mattel, da Ferrari 512 da equipe Penske-White que em pouquíssimas aparições no Mundial de Marcas da temporada de 1971 largou nada menos que três vezes na pole position: nas 24 Horas de Daytona, nas 12 Horas de Sebring e nas 6 Horas de Watkins Glen.

Fruto do talento do excepcional piloto Mark Donohue, morto tragicamente em 75 após um acidente em Zeltweg, na Áustria. Seu parceiro na ocasião era David Hobbs, inglês de longuíssima carreira no esporte e hoje comentarista do canal Speed nos EUA.

Ferrari de cor azul não era novidade, principalmente em se tratando dos ianques, pois a escuderia NART também pintava seus bólidos desta cor. Reza a lenda que também na Fórmula 1 - e por mais de uma vez - os carros do cavalinho empinado foram para a pista em tons de azul e branco.

Alguém confirma?

Clip da semana - "Touch Me"

De breve e intensa vida, o grupo estadunidense The Doors deixou para a história canções como "Light My Fire", "L.A. Woman", "People Are Strange", "The End" e outras várias. Apresentações caóticas em shows pelo país e performances polêmicas como no Ed Sullivan Show também foram marcas registradas de Jim Morrison e companhia.

Em 1968, eles participaram do Smothers Brothers Comedy Hour, onde se apresentaram ao vivo, tocando músicas do disco The Soft Parade, como esta aqui abaixo: "Touch Me", originalmente gravada - e executada também - com um ótimo naipe de metais.

quarta-feira, 29 de agosto de 2007

Minha pedra é ametista...

Faz tempo que não ponho no blog uma abertura de qualquer programa de TV. Em maio / junho andei postando algumas de novelas, mas como algumas ficaram sem qualquer comentário, deixei pra lá.

Entretanto, como não vou me incomodar mais com isso, estou colocando aqui a abertura da novela "O Astro", que fez um megasucesso no horário das 20 horas. Escrita por - quem mais? - Janete Clair, a trama girava em torno do milionário Salomão Hayalla (Dionísio Azevedo), morto espetacularmente no meio da história, e de um canastrão chamado Herculano Quintanilha, papel que cabia ao galã Francisco Cuoco.

Mas nenhum dos dois brilhou tanto quanto Tony Ramos. Em sua segunda novela na Globo, ele emendou um trabalho atrás do outro: pois quando "O Astro" estava começando a ser produzida, ele ainda estava no ar em "Espelho Mágico". Na pele de Márcio Hayalla, ele nega a fortuna do pai tal e qual São Francisco de Assis. Atira-lhe as roupas e sai nu da mansão da família, numa cena marcante.

O mistério sobre a morte de Salomão Hayalla prendeu o país de tal forma que no dia do último capítulo (e isso é a pura verdade), eu e meu pai tentávamos voltar da Ilha do Governador para Ramos, onde morávamos, e nenhum táxi parava. Todo mundo queria ver a novela e saber quem matara o ricaço. O encerramento de "O Astro" atingiu 84 pontos no ibope.

E além da trama envolvente, a novela tinha um ponto fortíssimo: o tema de abertura, composto por João Bosco e Aldyr Blanc, a belíssima "Bijuterias".

Monza, dia 2

Ferraristas, preocupem-se.

A McLaren fez pelo segundo dia consecutivo o melhor tempo dos testes coletivos em Monza. E desta vez, pôs os dois pilotos para andar - um em cada período do dia: Hamilton pela manhã e Alonso à tarde.

E o bicampeão, virando as mesmas 49 voltas que o líder do campeonato, superou o tempo obtido por Lewis durante a manhã em 0"299. O fosso deles para o terceiro colocado, que desta vez foi Nick Heidfeld, aumentou para mais de meio segundo. O alemão da BMW foi secundado por Jarno Trulli e depois por Kimi Räikkönen.

O bom desempenho dos carros prateados dá a entender que em pistas que requerem menor carga aerodinâmica, casos de Montreal e Indianápolis - este em razão do longo trecho de aceleração que havia naquela pista - a McLaren tem um melhor conjunto que a rival Ferrari. E para desespero de Maranello, os ingleses e a Mercedes conseguiram a confiabilidade que precisavam. Prova disso é que o MP4/22 não sofreu uma única falha mecânica durante todo o ano.

Nenhum brasileiro esteve na pista. Felipe Massa só anda amanhã. Nelsinho Piquet deu lugar a Heikki Kovalainen, que foi o sexto. Rubinho, penúltimo ontem, foi substituído por Christian Klien - o que não acrescentou muito, pois o austríaco foi o nono entre 12 pilotos. O alemão Adrian Sutil veio para a pista com a Spyker e fechou a raia.

Amanhã, tem mais.

Risque e rabisque

O criativo Ivan Capelli arrancou risadas deste que vos escreve, com o tópico "Desenhe Seu Colega" postado em seu blog nesta quarta.

Confesso que não esperava o show que alguns pilotos de Fórmula 1 deram ao retratar seus companheiros de equipe - ainda mais eu, que sempre fui um péssimo desenhista na época do colégio e que mal e porcamente enchia páginas e mais páginas de caderno com desenhos - de F-1, evidentemente.

Não, graças a Deus não guardo nenhuma das minhas antigas obras de arte. Mas sei apreciar um traço bem-feito e garanto que entre os 22, o mais criativo de todos foi Takuma Sato. Na idéia e na concepção.

O mais escroto - disparado - foi Jarno Trulli, com seu companheiro Ralf Schumacher. Mas houve retribuição - não só entre os dois pilotos da Toyota como também com diversos pilotos (Alonso com Hamilton, a dupla da Honda sacaneando-se mutuamente, a hilária caracterização de Kubica feita por Nick Heidfeld, e os dois da Williams em desenhos muito viados).

Vale uma visita ao blog pra se divertir num dia cinzento como este.

Ah... quem propôs a brincadeira foi a revista F1 Racing, mostrando que o esporte ainda nos oferece pautas bem-sacadas extrapista.

terça-feira, 28 de agosto de 2007

Velozes, ó pá!!!


O intrépido Clóvis Grelak, que faz assessoria para o Jaime Melo Júnior, líder da American Le Mans Series, manda release avisando que haverá pilotos brasileiros nos 500 km do Estoril, prova longa de motovelocidade a se realizar no Autódromo Fernanda Pires da Silva.

Os pilotos em questão são Gílson Scudeler, que já correu por lá e teve muito bom desempenho em terras de Camões e Fernando Pessoa, e Pierre Choffard - que para quem não sabe, foi kartista (contemporâneo de Rubens Barrichello) e praticante de sky surf - o esporte mais radical de todos.

Eles vão dividir uma Honda CBR1000RR alinhada em parceria com a escuderia portuguesa J. Saraiva. A corrida vai homologar o circuito, que recebeu novas alterações, para a disputa do GP de Portugal de Motovelocidade - que na ausência do nosso, vai ser a corrida "de casa" do Alexandre Barros.

Aliás, sobre mais um ano do Brasil fora do Mundial, aguardem uma postagem questionando tal fato.

Carros de uma corrida só (parte 8) - Rebaque HR100

Engana-se quem pensa que Chris Amon tenha sido o último piloto-construtor da história da Fórmula 1, um privilégio que ele repartia com monstros sagrados como Bruce McLaren, John Surtees e Jack Brabham - e também o folclórico Arturo Merzario. Um outro nome, surgido nos anos 70, entrou para esse seleto clube: Hector Rebaque.

Nascido em 1956 na Cidade do México, e de família multimilionária, ele começou no automobilismo aos 15 anos de idade. Em 1972, recebeu autorização especial para disputar as 24 Horas de Daytona num Porsche 914/6 em dupla com o compatriota Guillermo Rojas, já que era menor de idade. Três anos depois, já estava na Fórmula 2 e na Fórmula Atlantic, onde "trocou tintas" com um certo canadense, de nome Gilles.

Com o dinheiro do pai, não foi difícl para Rebaque tentar o acesso para a Fórmula 1. Bateu à porta de Bubbles Horsley, chefe da equipe Hesketh, com um gordo cheque e assumiu a vaga de segundo piloto - o primeiro era o veloz mas irregular Rupert Keegan. Em oito oportunidades, só correu no GP da Alemanha - onde largou em último e abandonou com a bateria arriada.

Na época a categoria ainda permitia às equipes menores a compra de chassis antigos, e por isto mesmo Rebaque montou sua própria escuderia - alinhando uma Lotus 78 de 1977. Ele não largou em seis provas do Mundial de 78, mas por incrível que pareça, conquistou um surpreendente 6º lugar no GP da Alemanha - o último ponto marcado por um piloto particular na F-1.

Para 1979, ele tinha planos ainda maiores, inclusive a construção do seu próprio carro. Mas enquanto isso não acontecia, ele comprou uma Lotus 79 - modelo asa. Falhou a classificação em várias oportunidades e conseguiu como melhor resultado um modesto sétimo lugar na Holanda, onde apenas... sete pilotos completaram.

No GP da Itália, o carro ficou pronto: o Rebaque HR100 era uma cópia-carbono do Lotus 79 e há quem diga que um dos desenhistas é John Barnard, que na época trabalhara no projeto do Chaparral-Cosworth da USAC. O mexicano não classificou-se para a prova e no Canadá, enfim, alinhou seu carro. Largou em 22º entre 24 pilotos e abandonou na vigésima-sexta volta com o motor fundido, quando ocupava a 16ª posição. Mais uma desclassificação na prova dos EUA-Leste em Watkins Glen, frustrou Rebaque - que pôs um fim ao projeto.


Rebaque vai a reboque: o HR100 foi um fracasso

Ele voltou à F-1 em 1980 com o dinheiro da Pemex (Petroleo de Mexico), comprando a segunda vaga na Brabham, onde certamente aprendeu alguma coisa com Nelson Piquet. Na equipe de Bernie Ecclestone, conquistou os melhores resultados da carreira - dois sextos lugares no grid nas provas da Argentina e do Canadá (ambos em 1981) e três quartos lugares em corrida, em San Marino, na Alemanha e na Holanda, também em 81.

Rebaque com certeza guarda na memória a melhor corrida da vida: o GP da Argentina, quando por 17 voltas fez dobradinha com Nelson Piquet. Abandonou com o distribuidor quebrado, mas ele nunca mais esquecerá aquele 12 de abril.

Apesar do generoso aporte financeiro, o gentleman driver nunca mais correu na categoria máxima em caráter oficial. Sua última aparição foi na Corrida dos Campeões em 1983, no circuito de Brands Hatch. Nesse meio tempo, ele também correu na Indy Car Series, hoje ChampCar. E venceu de forma insólita uma prova em Elkhart Lake, liderando a corrida apenas na última volta.

Monza, dia 1

A Fórmula 1 já está na Itália, onde haverá no dia 9 de setembro mais uma prova do Mundial de Pilotos e Construtores. Em Monza, cujo circuito sofreu uma modificação na segunda das três chicanes, dez das onze escuderias estiveram andando nesta terça-feira. Só a Spyker, que inclusive suspendeu seu chief designer John McQuillan, não andou na pista transalpina.

O primeiro ensaio teve Lewis Hamilton como o mais rápido com a McLaren. Ele competou 53 voltas (o total exato do GP da Itália), a melhor delas em 1'24"112. Kimi Räikkönen ficou a 0"146 do líder do campeonato e levou a Ferrari ao segundo lugar no fim do teste.

A BMW pôs Nick Heidfeld em terceiro - e com um detalhe - ficou no mesmo décimo de segundo da Ferrari, comprovando que os bávaros têm um motor fortíssimo e um excelente conjunto técnico para a próxima prova do campeonato. Trulli foi o quarto e Kazuki Nakajima, que testou com a Williams, foi o quinto.

Nelson Ângelo Piquet - que deve ser anunciado no fim de semana do GP da Itália como titular da Renault em 2008 - fez o oitavo tempo com 1'25"429 (94 voltas). Rubens Barrichello, com 1'25"572 (83 voltas), foi o nono.

segunda-feira, 27 de agosto de 2007

Que amigo!

Não vi - de novo - mais uma corrida da IRL. Afinal, não tenho Bandsports e o pouco que vi de um campeonato tão capenga quanto o da ChampCar foi uma chatice - que de vez em quando é quebrada pelas vitórias do Helinho e do Tony (que definitivamente mereciam coisa melhor na carreira), e pelos vôos do Dario Franchtti - dois, em seqüência.

O escocês, que comandava o campeonato até Sonoma e fizera a pole position, foi protagonista de outro entrevero na temporada. E desta vez, com um dos companheiros de equipe: ninguém menos que Marco Andretti, neto de Mario e filho do dono da Andretti-Green Racing, Michael Andretti.

Na 68ª volta de um total de oitenta, Franchitti rumava célere para aquela seria mais uma conquista na temporada de 2007. Mas qual o quê! Bastou Marco Andretti surgir na sua frente após reabastecer e em plena curva 1, após os boxes, os dois se tocaram. O jovem herdeiro do famoso sobrenome saiu da pista e abandonou. Dario, com o bico do carro avariado, não parou nos boxes e como conseqüência, terminou em terceiro.

Pior: quem venceu foi Scott Dixon, que assim assumiu a liderança do campeonato, suplantando Franchitti por quatro míseros pontos.

Pior II: numa entrevista, Michael acusou diretamente o escocês de "precipitação". Peraí... quer dizer que o filho não teve NENHUMA parcela de culpa num acidente onde ele sai do box e atrapalha o suposto companheiro de equipe?

Que amigo, hein?!?

Em suma... é contra este péssimo ambiente que Dario vai lutar para tentar o título. E como Sam Hornish Júnior caminha para a Nascar, pelas mãos da equipe Penske, tudo indica que ele pode acabar por lá, como companheiro de equipe de Hélio Castroneves.

Carros de uma corrida só (parte 7) - Tec Mec F415

Foto histórica: D'Orey em ação no GP de Sebring com o inguiável Tec Mec

Principal construtor de caixas de câmbio especiais para monopostos nos anos 60, o italiano Valerio Colotti fundou uma escuderia chamada "Studio Tecnica Mecanica" para ingressar na Fórmula 1 no fim da década de 50.

Aproveitando os gabaritos do projeto do Maserati 250F de Gioacchino Colombo e já que a marca do tridente abandonara a F-1, Colotti usou o conjunto mecânico para seu carro - rebatizado posteriormente de Tec Mec.

A estréia seria no GP dos Estados Unidos no circuito de Sebring, na Flórida - um antigo aeroporto, com alguns trechos muito esburacados de asfalto. O piloto eleito foi o brasileiro Fritz D'Orey, na época com 22 anos e o mais promissor de sua geração. Em seu currículo, uma vitória em Messina numa prova de Fórmula Júnior, em dobradinha com Christian Heins. E duas outras provas de F-1 com a Maserati 250F: França - onde chegou em décimo - e Inglaterra.

D'Orey classificou o Tec Mec na 17ª posição, superando apenas os estadunidenses Phil Cade (Maserati) e Rodger Ward, que alinhou um midget Kurtis Kraft com motor Offenhauser. Logo o brasileiro detectou um grande problema no carro de Valerio Colotti: "É simplesmente inguiável."

Apesar disso, Fritz fez uma boa largada e passou em 12º na primeira volta. Ganhou uma posição numa falha mecânica do carro de Harry Schell e já figurava entre os 10 primeiros na sétima volta, quando vazou óleo do motor Maserati do Tec Mec e o brasileiro foi obrigado a abandonar.

Por uma fatalidade, nunca mais vimos D'Orey na Fórmula 1, quando ele já tinha assinado um contrato para trabalhar como piloto de testes da Ferrari e eventual participante em provas de Endurance. E Colotti desistiu de vez do seu carro, voltando a trabalhar no que sabia fazer melhor.

domingo, 26 de agosto de 2007

Herr Farfus

O telespectador do Sportv que acabou de ver a GP2 em Istambul já sabe: Augusto Farfus venceu a corrida #2 em Oschersleben, na Alemanha, pela oitava rodada dupla do Campeonato Mundial de Carros de Turismo - o WTCC.

Foi a terceira conquista do curitibano, piloto oficial da BMW, em 2007. E o resultado lhe deu a liderança - novamente - do campeonato, com 69 pontos contra 68 do britânico Andy Priaulx, atual bicampeão e 63 de Jörg Müller.

A marca bávara, que levou uma coça na Suécia, deu o troco em casa, mas viu uma surpresa desagradável: Yvan Muller, o francês da SEAT, venceu a primeira prova do dia, com o modelo León TDI - movido a diesel.

O futuro do automobilismo parece caminhar para o uso dos combustíveis alternativos. Peugeot e Audi já mostraram que o caminho é por aí. O álcool no Brasil e o metanol nos EUA, também.

A gasolina parece irremediavelmente com os dias contados.

Ah! A próxima prova é em Brands Hatch na Inglaterra. E as etapas subseqüentes - Monza e Macau - terão transmissão ao vivo garantida pelo Sportv.

Tião, o conquistador


Três corridas, três vitórias. Na primeira aparição da ChampCar em território europeu depois de quatro anos, quem triunfou foi o mesmo piloto: Sébastien Bourdais. Em 2003, quando a categoria esteve por lá pela última vez, ele também chegou na frente - nas pistas de Brands Hatch e no EuroSpeedway, em Lausitz (Alemanha).

O francês - que já assinou com a Scuderia Toro Rosso para a Fórmula 1 - caminha a passos larguíssimos rumo ao tetracampeonato consecutivo, coisa que nenhum outro piloto conseguiu na história do certame estadunidense. Depois da etapa de hoje, disputada em Zolder, na Bélgica, ele abre 53 pontos de vantagem para Robert Doornbos, seu antagonista na briga pelo título.

A boa notícia foi o 2º lugar de Bruno Junqueira, o melhor resultado dele no ano e também da história da Dale Coyne Racing, tida e havida como a pior equipe da categoria no auge da ChampCar. Como nos últimos cinco anos as coisas começaram a se nivelar - mais por baixo do que por qualquer parte - a DCR tornou-se uma equipe "média" e com um bom piloto como Junqueira, tem conquistado resultados positivos.

No próximo domingo, a categoria faz outra prova na Europa, em Assen - território de Dornbos.

Ou será que as fronteiras européias seguirão conquistadas por Tião Bourdais?

sábado, 25 de agosto de 2007

Justo Veríssimo às avessas

A ótima revista CartaCapital, única publicação que se bateu pela reeleição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, contra tudo e todos, expõe o ridículo movimento "Cansei" como sua capa na edição desta semana.

Nada mais oportuno e corajoso. Vejo as outras revistas na banca (só a capa, claro): a Veja, com um singelo coraçãozinho na capa. Época devassando o caso Renan Calheiros como nunca. Confesso que não divisei a IstoÉ... mas será que faria falta?

A coragem da CartaCapital não é de hoje e vem de um italiano - o jornalista Mino Carta - que abraçou este país de corpo e alma e é um símbolo digno da profissão, no que diz respeito a ética, integridade, respeito com a inteligência e o senso crítico dos leitores.

Tudo o que o movimento "Cansei" acha que tem. Ao contrário: é uma manifestação pseudo-burguesa, de uma minoria riquíssima e de uma inteligentsia alienada, que pode - como já disse em um post anterior - viajar para onde quiser nas férias (inverno ou verão, afinal eles querem mais é que pobre se exploda), et cetera e et cetera. Dizem eles que o "povo está acomodado".

Mas será que não olham para o próprio umbigo?

Será que não enxergam o óbvio: que são os mais abastados, donos da maior concentração de renda do país, os grandes responsáveis pelo imenso fosso social que separa a elite da classe média?

É engraçado... quando houve a montanha de privatizações em oito anos de governo tucano, ninguém disse um "A" sobre isso. Quando se engavetavam denúncias de corrupção, nada foi dito. Salvatore Cacciola roubou todo o dinheiro do Marka/FonteCindam, a Justiça nada fez, a Polícia Federal idem, e ele fugiu alegremente. Os escândalos do Sivam e dos Precatórios não deram em nada. Pasta Rosa? Ninguém sabe. Painel do Senado? Perguntem a José Roberto Arruda se não foi melhor ele renunciar a ser cassado. Aliás... quem é mesmo o governador do Distrito Federal?

Enfim... "nada" é uma expressão que simboliza muito bem o que foi a passagem tucana pelo poder. Nada foi feito, o país não cresceu, houve recessão e quase nenhuma preocupação com o social.

Por mais que o governo Lula seja uma comédia de erros e equívocos, o grande problema é que só se preocupam em derrubá-lo pelo viés da corrupção. Este é o calcanhar de aquiles da administração petista. Mas, olhando mais atentamente, não se fala em FMI, moratória, dívida externa, maxidesvalorização da moeda e outras expressões que nos governos Sarney, Collor, Itamar e FHC, só nos davam calafrios.

Será que é mesmo o pobre que tem que se explodir pra esse país ir pra frente?

O operário-padrão agora é líder

Lembro que um locutor se referia ao eterno Roberto Pupo Moreno como "Operário da Velocidade". Pois bem: o epíteto se aplica com todas as letras para outro dos nossos pilotos, agora um da nova geração - Lucas di Grassi.

O paulistano construiu uma bela carreira no kart, passando pela Fórmula Renault, Fórmula 3 sul-americana, inglesa e européia, colecionando poles, pódios, vitórias, troféus e títulos como o do GP de Macau, a Copa do Mundo de F-3. Comeu o pão que o diabo amassou ano passado, na escuderia italiana Durango, em sua estréia na série GP2 e chegou a ser questionado acerca de seu talento.

Mas a resposta, mesmo um tanto quanto tardia, não demorou a acontecer. Lucas escolheu a campeã ART Grand Prix em detrimento da iSport International, que fez os melhores resultados da pré-temporada. E apesar da perda (por morte) de um engenheiro, peça-chave nas estratégias e também do afastamento do big boss Fréderic Vasseur, o piloto brasileiro realizou um excelente trabalho até aqui.

Somou pontos sempre que pôde, porque sabe que seu carro está muito aquém tecnicamente em relação aos bólidos de Timo Glock e Andreas Züber - que são pilotos rápidos, mas inconstantes e - por que não dizer - burros e despreparados.

Di Grassi, pelo contrário, é inteligente, regular e muito seguro. E provou isto na manhã deste sábado, ao vencer a prova longa da GP2 na Turquia, resultado que lhe deu a liderança do campeonato. E não precisou de nenhum marketing, nenhum tipo de sobrenome de peso para chegar onde chegou.

Sem alarde, Lucas vai construindo seu caminho para a Fórmula 1. E se eu fosse você que está lendo esse texto, passaria a acreditar que ao invés de uns dois ou três aí que acham que tem talento, é o piloto da ART que tem muito potencial para fazer uma belíssima carreira na categoria máxima.

Quem viver, verá.

sexta-feira, 24 de agosto de 2007

Raridade para a história

O Corinthians vivia o jejum de títulos em seu fulgor pleno nos anos 70 - mais precisamente em 1971, o alvinegro completaria 17 anos sem erguer uma taça. Mas um jogo sem dúvida é histórico:
Timão 4 x 3 Verdão, pelo Campeonato Brasileiro de 1971, com grande atuação de Mirandinha.

E olha que o Palmeiras, dirigido por Rubens Minelli, era um time de respeito - Leão, Eurico, Baldocchi, Luiz Pereira e Dé; Dudu e Ademir da Guia; Fedato, Héctor Silva, César Maluco e Pio. Leivinha entrou no segundo tempo e fez gol.

O Corinthians, com Francisco Sarno no comando, tinha Ado, Zé Maria, Sadi, Luiz Carlos e Pedrinho; Tião e Rivellino; Lindóia, Samarone, Mirandinha e Peri. Pelo que pude divisar, Natal (ex-Cruzeiro) e Adãozinho (que fez um gol) entraram no segundo tempo.

A partida tem uma seqüência de gols como poucas vezes se vê nos dias de hoje. É só conferir.

A propósito: quem é o narrador do jogo?

Pé no fundo no mundo virtual

Depois que comprei o rFactor - e embora muita gente critique o jogo - nunca mais quis saber de nenhum outro software de corridas de carro ou moto, embora ainda tenha o F1 Challenge instalado, com os mods do Sports Car Challenge - sempre atualizado - e do Virtua-LM, com os protótipos do Grupo C que fizeram história até 1993.

Pois bem, no rFactor, o usuário pode colocar quantos mods e pistas quiser e puder. Eu já instalei pelo menos 100 autódromos e dezenas de categorias. Aí deu o estalo: criar campeonatos virtuais de automobilismo e pôr "resenhas" num blog, como se fossem corridas de verdade.

Nessa última semana, criei o blog Virtual Race, que vai ter etapa por etapa, todos os campeonatos que vou fazer: ChampCar World Series, Grand-Am, WTCC, Truck Européia, V8 Supercars, Fórmula Nippon, Fórmula 3 inglesa, sul-americana e européia, GP2, IRL, Nascar Sprint Cup Series, Fórmula 1, Porsche Cup e DTM - só para constar.

A ChampCar deu a largada com o CCWS Virtual e uma etapa - a de St. Petersbourg - já tem crônica, além do treino da prova de Detroit.

O endereço do blog? É este aqui.

Clip da semana - "Machinehead"

Para lembrar uns caras que andam muito sumidos - e também pudera, falta uma rádio rock no Rio de Janeiro - um clip bacana de uma banda legal e uma música idem: Bush, com "Machinehead", do disco Sixteen Stone.

quinta-feira, 23 de agosto de 2007

Walk Over

Quem conhece a expressão acima sabe que ela é muito ligada a esportes - afinal, Walk Over nada mais é que o famoso W.O. - o forfait largamente usado no futebol e outros esportes com bola.

Pois bem: não conheço nenhum caso de W.O. no automobilismo, pelo menos no que diz respeito a equipes e pilotos. Mas patrocinadores, sim.

No próximo domingo, durante o GP da Turquia, a marca de uísque Johnnie Walker não terá sua propaganda veiculada nas McLarens de Fernando Alonso e do líder do campeonato Lewis Hamilton. É por um simples motivo: parte do país que recebe a 12a. etapa do campeonato é de orientação religiosa muçulmana, e eles proíbem a ingestão, a comercialização e a propaganda de qualquer tipo de bebida alcoólica.

Por isso, num evento promocional de patrocinadores, o capacete e o macacão do bicampeão Alonso apareceram com um "Diageo" - que nada mais é do que a empresa fabricante do "Keep Walking".


Para quem não sabe, durante os cinco anos em que teve apoio do mundo árabe, Frank Williams teve que incluir na cláusula contratual de todos os seus pilotos - Alan Jones, Clay Regazzoni, Carlos Reutemann, Keke Rosberg, Derek Daly e Jacques Laffite - um adendo onde eles não podiam estourar a famosa garrafa de Möet Chandon no pódio e muito menos deixarem-se fotografar bebendo.

Rosberg, até prova em contrário, era um bom bebedor, mas cumpriu regiamente as ordens. Não abandonou o cigarro. E como todos os outros, às vezes comemorava no pódio com prosaicas latas de uma marca de suco de abacaxi - também de uma empresa árabe que patrocinava a Williams.

Aliás, vocês sabiam que a família Bin Laden já inscreveu seu nome num carro da escuderia inglesa?

As festas de arromba da MPB

Na música brasilera, não raras são as músicas que têm citações a artistas - quer sejam irônicas, como em "Cantor de Mambo", dos Mutantes, ou elogiosas, a exemplo de "Paratodos", do mestre Chico Buarque. O formato não é novo e foi inaugurado pela turma do iê-iê-iê - a Jovem Guarda - precisamente por Erasmo Carlos em seu clássico "Festa de Arromba".

Vejam só que festa de arromba
Outro dia eu fui parar

Presentes no local
Rádio e a televisão
Cinema, mil jornais
Muita gente, confusão

Quase não consigo
Na entrada chegar
Pois a multidão
Estava de amargar

Hey, Hey (hey, hey)
Que onda
Que festa de arromba

Logo que eu cheguei notei
Ronnie Cord com um copo na mão
Enquanto Prini Lorez bancava o anfitrião
Apresentando a todo mundo Meire Pavão

Wanderléa ria
E Cleide desistia
De agarrar um doce
Que do prato não saia

Hey, Hey (hey, hey)
Que onda
Que festa de arromba

Renato e seus Blue Caps
Tocavam na piscina
The Clevers no terraço
Jet Blacks no salão

Os Bells de cabeleira
Não podiam tocar
Enquanto a Rosemary
Não parasse de dançar

Mas vejam quem chegou de repente
Roberto Carlos em seu novo carrão
Enquanto Tony e Demétrius fumavam no jardim
Sérgio e Zé Ricardo Esbarravam em mim

Lá fora um corre corre
Dos brotos do lugar
Era o Ed Wilson
Que acabava de chegar

Hey, Hey (hey, hey)
Que onda
Que festa de arromba

Anos se passaram para que tais "homenagens" ou citações tornassem a se repetir. Estrela ascendente do rock e rainha absoluta do gênero no país ao longo dos anos 70, Rita Lee passou pela agrura de um ano de cadeia por posse de maconha e assim que foi solta, gravou o hit "Arrombou a Festa", em cujo compacto a cantora saiu vestida de presidiária na capa. A letra, hilária, misturava ironias, citações à Mauro Celso, Tom Jobim, Braguinha, Waldirene e João do Vale. Em suma: o melhor e o pior da música popular brasileira e a galera, imersa na onda da discothéque curtiu muito mais um hit da cantora.

Ai, ai, meu Deus, o que foi que aconteceu?
Com a música popular brasileira
Todos falam sério, todos eles levam a sério
Mas esse sério me parece brincadeira

Benito lá de Paula com o amigo Charlie Brown
Revive em nosso tempo o velho e chato Simonal
Martinho vem da Vila lá do fundo do quintal
Tornando diferente aquela coisa sempre igual

Um tal de Raul Seixas vem de disco voador
E Gil vai refazendo seu xodó com muito amor
Dez anos e Roberto não mudou de profissão
Na festa de arromba ainda está com seu carrão
Parei pra pesquisar

Ai, ai, meu Deus, o que foi que aconteceu?
Com a música popular brasileira
Todos falam sério, todos eles levam a sério
Mas esse sério me parece brincadeira

O Odair José é o terror das empregadas
Distribuindo beijos, arranjando namoradas
Até o Chico Anísio já bateu pra tu batê
Pois faturar em música é mais fácil que em tevê

Celly Campello quase foi parar na rua
Pois esperavam dela mais que um banho de lua
E o mano Caetano tá pra lá do Teerã
De olho no sucesso da boutique da irmã

Bilú, bilú, fafá, faró, faró, tetéia
Severina e o filho da véia
A música popular brasileira
A música popular

Sou a garota papo firme que o Roberto falou
Da música popular
O tico-tico nu, o tico-tico cu, o tico-tico pá rá rá rá
Música popular

Olha que coisa mais linda, mais cheia de...
Música popular

Mamãe eu quero, mamãe eu quero
Mamãe eu quero a música popular brasileira

Pega, mata e come!

Não satisfeita, seguindo a mesmíssima linha da galhofa, da sacanagem e sobretudo da inteligência, Rita apresentou anos depois outro clássico - "Arrombou a Festa II". Mudaram os personagens, mas a pergunta continuava a mesma: O que aconteceu com a MPB?

Ai, ai meu Deus
O que foi que aconteceu?
Com a música popular brasileira
Quando a gente fala mal
A turma toda cai de pau
Dizendo que esse papo é besteira

Na onda discothéque da América do Sul
Lenilda é Miss Lene
Zuleide é Lady Zu

Pra defender o samba
Contrataram Alcione
É boa de pistom mas
Bota a boca no trombone

No meio disso tudo
A Fafá vem dar um jeito
Além de muita voz
Ela também tem muito peito

E a música parece
Brincadeira de Garoto
Pois quando ligo o rádio
Ouço até Cauby Peixoto
Cantando: Conceição

Ai, ai meu Deus
O que foi que aconteceu?
Com a música popular brasileira
Quando a gente fala mal
A turma toda cai de pau
Dizendo que esse papo é besteira

O Sidney Magal rebola mais que o Matogrosso
Cigano de araque fabricado até o pescoço
E o Chico na piscina grita logo pro garçom
- Afaste esse cálice e me traz Moet Chandon

Com tanto brasileiro por aí metido a bamba
Sucesso no estrangeiro ainda é Carmem Miranda
E a Rita Lee parece que não vai sair mais dessa
Pois pra fazer sucesso arrombou de novo a festa!

Ziri, ziriguidum
Skindô, skindô lelê
Sai da frente que eu quero é comer
A música popular brasileira

Lady Laura
A música popular...Parabéns a você
Parabéns para a música popular... A música popular

Ah, eu te amo
Ah, eu te amo meu amor
Ai, Sandra Rosa Madalena
Ah, ah, ah, ah
O meu sangue ferve pela
Música popular...

Oh, fricote, eu fiz xixi
Fricote, eu fiz xixi
Na Música Popular Brasileira

Corre que lá vem os "homi"!

Muito tempo depois, foi a vez de Gabriel O Pensador detonar uma quilométrica letra - em rap, com sample de "Somebody Else's Guy", de Jocelyn Brown, na mesma toada das duas músicas de Rita Lee e no clássico eterno de Erasmo: era a "Festa da Música Tupiniquim", uma sacada pra lá de inteligente.

Há muito tempo tá rolando essa festa maneira
Da música popular brasileira
Ninguém me convidou mas eu queria entrar
Peguei o 175 e vim direto pra cá

Pra Festa da Música Tupiniquim
Que tá rolando aqui na rua Antônio Carlos Jobim
Todo mundo tá presente e não tem hora pra acabar
E muita gente ainda tá pra chegar

Na portaria o segurança pediu o crachá do Gilberto Gil
Ele apenas sorriu
Acompanhado por Caetano, Djavan, Pepeu, Elba, Moraes, Alceu Valença
("Xá comigo! Da licença! Abre essa porta, cabra da peste")

E foi assim que eu penetrei com a galera do Nordeste
Baby tá na área, senti firmeza!
E aí Sandra de Sá!
("Bye bye tristeza...")

Birinight à vontade a noite inteira
Olha o Ed Motta assaltando a geladeira
Olha quanta gata bonita e gostosa!
Olha o Tiririca com uma negra cheirosa
Ué! Cadê os críticos?! Ninguém convidou?
("Barrados no Baile uouou")

Não é festa do cabide mas o Ney tirou a roupa
Bzzz... Paulinho Moska pousou na minha sopa
Cidade Negra apresentou um reggae nota cem
Tá rolando um Skank também!
E o Tim Maia até agora nem pintou
Mas o Jorge Benjor trouxe a banda que chegou
("Pra animar a festa")

É a festa da Música Tupiniquim
Que tá rolando aqui na rua Antônio Carlos Jobim
Todo mundo tá presente e não tem hora pra acabar
E muita gente ainda tá pra chegar

A festa tá correndo bem
O Lobão até agora não falou mal de ninguém
O Barão e o Titãs tão tocando Raulzito
A Rita Lee tá vindo ali...ãnh? Não acredito!
Ela olhou pra mim e disse "baila comigo"
Eu senti aquele frio no umbigo

Mas é claro que adorei o convite e fui dançar ouvindo o som do Kid Abelha, Paralamas e a Blitz
("Isso aqui tá muito bom, isso aqui tá bom demais...")
"Segura o tchan, amarra o tchan"
("Xô, Satanás!")
Há há! Lulu Santos acabou de chegar
Com a pimenta malagueta pro planeta balançar

O Chico César, Science, e o Buarque observam
Um pessoal dançando break no chão
E no andar lá de cima um do donos da festa.
Tá na boa, tá em paz, tá tocando um violão:
("Festa estranha com gente esquisita, eu não tô legal, não aguento mais birita")

É a festa da Música Tupiniquim
Que tá rolando aqui na rua Antônio Carlos Jobim
Todo mundo tá presente e não tem hora pra acabar
E muita gente ainda tá pra chegar

Chopp na tulipa, vinho na taça
("Camisinha na boquinha da garrafa")
Salve-se quem puder!
Ih... o João Gordo vomitou no meu pé
Fui limpar e dei de cara com os Raimundos
Que me contaram que entraram pelos fundos

Perguntei pelo banheiro e fiz papel de mané
Os sacanas me mandaram pro banheiro de mulher
As meninas tavam lá e foi só eu entrar
Que a Cássia Eller, Zizi Possi e a Gal comçaram a gritar
(Ahhhhh!)

Quanta saúde!
Fernanda Abreu, Daniela Mercury, Marisa Monte,Daúde...
Calma, eu não vi nada!
A Ângela RôRô queria me dar porrada

Mas os três malandros
Moreira, Bezerra e Dicró
Me ajudaram a escapar da pior
Fui pro fundo de quintal, casa de bamba
Todo mundo bebe, todo mundo samba
Beth Carvalho, Alcione, Zeca Pagodinho
Neguinho da Beija-Flor...Diz aí Martinho! Comé que é, professor?
("É devagar, é devagar, devagarinho")

É a festa da Música Tupiniquim
Que tá rolando aqui na rua Antônio Carlos Jobim
Todo mundo tá presente e não tem hora pra acabar
E muita gente ainda tá pra chegar

Essa festa é uma loucura
Olha lá o Carlinhos Brown com o pessoal do Sepultura
Vieram com os índios Xavantes
E a polícia veio atrás tentando dar flagrante

E-e-e-ê!
O índio tem apito e eu não entendi porquê
Começaram a apitar quando a polícia chegou
Mas a galera do Cachimbo da Paz nem escutou
Porque o Olodum tava fazendo um batuque maneiro
Até chegarem milhares de funkeiros
Eram tantas duplas que eu até me confundi
Chamei Leandro & Leonardo de MC!

E o Zezé de Camargo &Luciano ficaram me zoando
E o funk rolando!
Aah... vocês tinham que ver!
Chitãozinho &Xororó gritando "Uh! Tererê!"

O pessoal da Jovem Guarda agitando sem parar
Estavam em outra festa mas vieram pra cá
Passei ali por perto e ouvi o Roberto comentar
("Ê hei! Que onda, que festa de arromba!")

Todo mundo no maior astral
Mas rolou um boato que preocupou o pessoal
Diziam as más linguas, à boca pequena
Que o Michael Jackson tava chegando pra roubar a cena

E foi aí que a Marina ouviu uma buzina
E todos foram pra janela na maior adrenalina
Uma brasília amarela dobrava a esquina
Adivinha quem era?

É a festa da Música Tupiniquim
Que tá rolando aqui na rua Antônio Carlos Jobim
Todo mundo tá presente e não tem hora pra acabar
E muita gente ainda tá pra chegar

Andretti-Green nas Mil Milhas?

Acabo de ler no site da revista estadunidense Autoweek, que a escuderia Andretti-Green Racing pensa em trazer o Acura ARX01-A, que é na verdade um Courage LC75, para disputar as Mil Milhas Brasil, última etapa da Le Mans Series em 10 de novembro no Autódromo de Interlagos.

Nada mais óbvio, pois um dos contratados de Michael Andretti é Tony Kanaan, que por duas vezes consecutivas - 2005 e 2006 - foi vice-campeão da prova. A primeira pilotando um protótipo ZF (Riley & Scott) e a segunda, o Mercedes CLK da extinta equipe Capuava Racing Team, de Alcides Diniz.

Tony correu neste ano nas 12 Horas de Sebring e foi um dos dínamos do ótimo rendimento da equipe, que chegou em segundo e venceu na classe LMP2, aproveitando que os Porsches tiveram problemas de parte elétrica e câmbio. Ele teria como prováveis companheiros o experiente Bryan Herta e um dos irmãos Franchitti (Marino ou Dario) - talvez até ambos.

Se a Andretti-Green vier, sem dúvida o nível na LMP2 será altíssimo e se o carro acompanhar o ritmo do Peugeot e do Pescarolo, será uma grandíssima surpresa no resultado final.

Vamos torcer.

Didier Pironi

Há 20 anos, precisamente num domingo sem Fórmula 1 - 23 de agosto de 1987 - morria um piloto que deixou saudades na categoria máxima, pelo estilo limpo e muita velocidade: Didier Pironi.

Eu acompanhei praticamente toda sua carreira na F-1 e ele sempre me deixou boa impressão, guiando Tyrrell, Ligier e Ferrari. Na primeira, levado evidentemente pelo faro de descobridor de talentos de "Tio Ken", pescou dois pódios em 1979. Pela escuderia francesa, correu só um ano, mas venceu sua primeira corrida, foi diversas vezes mais veloz que Jacques Laffite e mostrou grande potencial - como aliás todos os pilotos franceses de sua geração fizeram durante muito tempo.

E por instantes, até me deixou feliz, pois lembro que ao assistir o GP do Canadá e vê-lo cruzar a linha de chegada na frente deu a mim - inocente criança de 9 anos - a vã esperança de ver Nelson Piquet decidir o Mundial daquele ano de 1980 na última prova, contra o australiano Alan Jones. Mas Giu Ferreira e Galvão Bueno, que transmitiram a corrida pela TV Bandeirantes, deram a infausta notícia: Pironi era punido em 1 minuto por queima de largada. Alan Jones era campeão por antecipação.

Vi o francês ao vivo duas vezes em Jacarepaguá, já de Ferrari - e em nenhuma das duas vezes ele teve sorte: em 81, largou com pneus lisos num traçado molhado e traiçoeiro. Quando tomava a curva dois, seu carro aquaplanou e ele pegou em cheio a Renault do Alain Prost. Na verdade, foi um ano de adaptação para ele, e de muito poucos resultados.

Em 82, aqui no Rio, o vi rodando na Curva da Vitória, caindo de sexto para décimo-sexto. Ainda recuperou-se para completar em oitavo, mas com as desclassificações de Piquet e Rosberg, marcou um pontinho. Foi um dos piores resultados do francês, que já tinha se adaptado ao carro e o modelo 126 C2 era muito bom - mas frágil.

A morte de Gilles Villeneuve na Bélgica já tinha sido um aviso. E a bomba explodiu quando Pironi, numa nuvem de água, encheu a traseira da Renault de Prost durante um treino para o GP da Alemanha num grave acidente - tão sério que o piloto precisou ser operado na própria pista.

Pironi sofreu nada menos que 47 intervenções cirúrgicas e sua carreira de 70 GPs, 3 vitórias, 4 pole positions, 5 recordes de volta em prova e 13 pódios estava irremediavelmente encerrada. Um sopro de esperança aconteceu em meados de 1986, quando ele andou com o AGS JH21C em Paul Ricard. Mas ninguém se interessou em tê-lo de volta e aí o francês virou-se para as provas de offshore - aquelas com potentíssimos barcos e em mar aberto.

Quis o destino que Pironi, que tanto amava a velocidade, não se separasse dela nem quando seu barco "Colibri" foi virado por uma onda causada por um petroleiro durante uma prova na Ilha de Wight, na Inglaterra. O francês e seus dois co-pilotos morreram instantaneamente.

O amigo e blogueiro Speeder_76, profundo conhecedor da matéria, fez uma excepcional homenagem a Didier Pironi. E vale muito a pena dar uma lida. Eu recomendo.

quarta-feira, 22 de agosto de 2007

E já que falamos de sacanagem...



A foto acima é do Volvo Estate, que não é mais produzido pela montadora sueca. Pois bem: levando a cabo a tradição sueca da liberdade sexual, uma pesquisa feita na Inglaterra revelou que o Estate é o carro número 1 da lista dos dez prediletos para... fazer sexo!

Isso mesmo: o Estate é o campeão da sacanagem. E provando que os súditos da Rainha gostam de espaço, a perua Mercedes Sprinter veio em segundo, deixando a Camper Van (a versão européia e modernizada da Kombi) na terceira posição deste ranking insólito.

Daí para trás, tirando o jipe Land Rover Discovery, sétimo entre os dez escolhidos, aparecem carros comuns de passeio e esportivos, como o Audi TT e o Porsche Carrera!

O carro alemão exerce tanto fascínio nas pessoas que mesmo quando o tesão fala mais alto, ninguém hesita em trocar um quarto de motel pelo modelo fabricado em Stuttgart.

Tirem as crianças da sala!

Deu no Terra:

O canal a cabo Animax confirmou a compra do desenho japonês Immoral Sisters, que mostra cenas de nudez, sexo e lesbianismo.

Esta é a primeira vez que um canal no Brasil exibe uma animação do gênero. A Fox detém os direitos de City Hunter, desenho com conteúdo erótico, mas bem mais leve.

O programa, de sete episódios, será exibido na madrugada, dentro do bloco Lollipop, que traz atrações para o público adulto.

O desenho conta a história de uma mãe que é obrigada a fazer serviços sexuais após sofrer um acidente. A trama ganha ainda mais polêmica quando suas filhas também sofrem diferentes tipos de abusos.

Safadinha a atração, né não? Nem preciso dizer que se tivesse o canal em casa, assistiria... afinal, essa coisa de que 'mulé com mulé dá jacaré' dá tesão entre 11 de 10 homens no planeta.

Zonta - parte II

Não satisfeito em corrigir o post sobre a estréia do Ricardo Zonta na Grand-Am, o amigo de Orkut e também leitor do blog Othon Gervasio, direto da terra do Tio Sam para Beagá, compartilha com a gente uma preciosidade do seu arquivo de fotos.


A vibração do curitibano após a corrida de Laguna Seca (as arquibancadas não me deixam mentir), como se vê pela imagem, trajando macacão da equipe oficial Mercedes, onde dividia o fantástico modelo CLK-GTR com Klaus Ludwig. Os dois foram campeões mundiais do FIA GT em 1998, derrotando Bernd Schneider, tido como o "Kaiser" da estrela de três pontas quando o assunto é turismo, e um certo Mark Webber.

Geraldo Rodrigues, então empresário do Zonta, deu um "jeitinho" pra sair na foto. Segundo o próprio Othon, foi ele que conseguiu credenciais para que nosso amigo belo-horizontino assistisse in loco a corrida.

Aliás e a propósito: os carros ao fundo são da extinta categoria Barber Dodge Pro Series. Alguém se lembra deste campeonato? Que brasileiros correram por lá?

Hummmm... vale um tópico em breve...

Carros de uma corrida só (parte 6) - Derrington-Francis


Deste post, os amigos portugueses que prestigiam o blog com certeza vão gostar. Pois o carro acima é o Derrington-Francis que competiu no GP da Itália de 1964 com Mário Araújo "Nicha" Cabral, um dos grandes ídolos do desporto em seu país.

O carro, projeto de Vic Derrington, tem como base técnica o modelo ATS 100 que disputou o Mundial de 1963. Naquele ano, a equipe italiana alinhou Phil Hill - campeão mundial em 1961 - e Giancarlo Baghetti para cinco provas. A ATS (sigla para Automobili Turismo e Sport) era uma dissidência de engenheiros, técnicos e dirigentes demitidos por Enzo Ferrari, entre eles o projetista Carlo Chitti e o team manager Romolo Tavoni. Portanto, esta equipe nada tem a ver com a ATS alemã, fabricante de rodas esportivas que estreou em 1978 com o espólio da March e Günther Schmidt como diretor-geral.

O motor também era um ATS, com 1,5 litro e oito cilindros, equipando o chassis tubular spaceframe com câmbio Colotti de seis marchas e peso total de 460 quilos. Com o Derrington-Francis, "Nicha" largou na última fila, com o 19º tempo. Nas 24 voltas em que permaneceu na pista, o português não conseguiu ir além da 15ª posição antes de abandonar, com a ignição quebrada.

Esta foi a única aparição do Derrington-Francis na categoria máxima e a última de "Nicha" Cabral na Fórmula 1. Nascido no Porto em 1934, ele ainda está vivo e com 73 anos de idade, provavelmente torcendo - muito - por Pedro Lamy na Le Mans Series e por Tiago Monteiro no WTCC.

Abrindo portas


O solerte presidente do FIAk, Rodrigo "Ecclestone" França, jornalista-assessor-de-imprensa nas horas vagas, manda e-mail anunciando a participação de Ricardo Zonta na etapa de sábado na Rolex Sports Cars Series (Grand-Am) em Sonoma, na Califórnia.

O curitibano vai correr com um Riley-Pontiac da escuderia Krohn Racing, dividindo o carro #75 com o sueco Nic Jönsson. Ele substitui a revelação estadunidense Colin Braun, que tomou uma punição por conduta ilegal dentro da pista.

“Fiquei muito contente em receber este convite. Será realmente uma experiência interessante e totalmente nova para mim, porque não conheço nem o carro nem a pista."

Dos autódromos da América do Norte, Zonta conhece as pistas de Indianápolis, por ocasião da sua participação como piloto da BAR e da Toyota, Homestead (obrigado pela lembrança, Othon!) e Laguna Seca - em ambas correu de Mercedes pelo FIA GT em 1998 e nesta última também de Fórmula 1, num evento promocional da montadora japonesa.

Entre as 18 duplas inscritas, outros dois brasileiros vão participar: o incansável Oswaldo Negri Jr. junto com Mark Patterson num Riley-Lexus da Mike Shank Racing, e Christian Fittipaldi, que dividirá um Fabcar-Pontiac com Harrison Brix.

A disputa pelo título entre os pilotos, faltando duas das 15 etapas, está sensacional: Max Angelelli e Scott Pruett estão rigorosamente empatados com 354 pontos e duas vitórias cada. A quatro pontos deles estão Jon Fogarty e Alex Gurney, que têm seis triunfos e ganharam o maior número de etapas no ano de 2007.

Boa sorte ao Zonta, que pode estar abrindo uma chance a mais na sua carreira. E também ao Christian e ao Negri, óbvio.

Pequenas maravilhas

Eu sou um colecionador contumaz de miniaturas. A grana anda curta e não consigo comprar como gostaria, mas me satisfaço com o que posso e o que tenho. São mais de 300, entre carros e motocicletas.

A maioria da minha coleção é do tipo matchbox - caixinha de fósforo - porque vinham numa embalagem semelhante à do útil artefato. Quando eu era criança, tive centenas de modelos, não só da própria marca Matchbox, outros tantos da Majorette, alguns da Corgi e de outras marcas que a memória omitiu.

Lembro de ter tido a Ferrari 312T do Lauda, o Shadow DN5 (pintado de branco!), a Matra MS670 - que na minha delicadeza infantil perdeu a tampa do motor em semanas - e outros modelos de carro. O primeiro que tive, inesquecível, foi um Lamborghini Marzal, devidamente destruído com o passar dos anos.

Na adolescência, deixei pra lá as miniaturas, mas depois que consegui um emprego estável e espaço pra poder fazer minha coleção, lá estava eu comprando Hot Wheels, Matchbox, Majorette e outras preciosidades, como nos velhos tempos em que meu pai vinha com aquela saraivada de carrinhos.

Vou compartilhar com vocês algumas das minhas jóias e eu começo por um carro que é especial.


Aqui acima, está a Ferrari 250 LM de 1965, número 21, que deu a vitória a Jochen Rindt e Masten Gregory nas 24 Horas de Le Mans. Foi também o carro da última conquista da Ferrari na classificação geral pois, como já descrito no post Memória Le Mans - Resposta à americana, a Ford reuniu armas e bagagens para derrotar a Casa de Maranello depois que Enzo Ferrari recusou-se a vender seu patrimônio para os ianques de Detroit.

Aguardem que muito mais virá.

Youtube Fatal

O amigo Speeder_76 lembrou bem na sua resposta ao post anterior que Avus era mesmo uma pista perigosa - e que o piloto de F-1 Jean Behra faleceu lá em 1959.

Mas o francês não foi o único. No mesmo ano dessa porradaria aí debaixo, em 1995, durante uma prova do ADAC-STW (Supertourenwagen), o equivalente hoje ao WTCC, o britânico de origem magiar Keith Odor deu uma "panca" com seu Nissan Primera e depois acabou colhido pelo A4 de Frank Biela. Em virtude da primeira colisão, Odor faleceu.

No fim do vídeo, uma bela homenagem dos pilotos em Nürburgring. Confiram.

terça-feira, 21 de agosto de 2007

Crash!

Mais uma porrada em Avus, de novo com o DTM - mas desta vez não foi só um carro, como aconteceu com Louis Krages em 1994, foi com vários, numa imagem impressionante.

Culpado? Culpados? Tentem apontar o seu.



Ah... a corrida foi cancelada.

O filme

The movie will begin in five moments.
The mindless voice announced
all those unseated will await the next show.

We filed slowly, languidly into the hall.
The auditorium was vast and silent
as we seated and were darkened, the voice continued.

The program for this evening is not new.
You've seen this entertainment through and through.
You've seen your birth your life and death
you might recall all of the rest.
Did you have a good world when you died?
Enough to base a movie on?

I'm getting out of here
Where are you going?
To the other side of morning.
Please don't chase the clouds, pagodas.

Her cunt gripped him like a warm, friendly hand.

It's alright, all your friends are here.
When can I meet them?
After you've eaten
I'm not hungry.
Uh, we meant beaten.

Silver stream, silvery scream.
Oooooh, impossible concentration.


("The Movie" - poema de Jim Morrison, recitado no início do filme "The Doors", de Oliver Stone)

Unglaublich!!!!

Essa é da série "não acredito no que estou vendo".

O vídeo abaixo mostra a monumental porrada de Louis Krages, a.k.a. John Winter, numa prova do DTM em 1994, no circuito de Avus-Berlim.

Não sobrou nada da barata, um Opel Calibra. E o piloto, será que morreu?



Não desta vez, é claro. Louis Krages suicidou-se anos depois.

E quanto ao acidente, como dizem os teutônicos, unglaublich!!!!!!!! (*)

(*)inacreditável

segunda-feira, 20 de agosto de 2007

O vôo do albatroz japa

Como prometido, taí o acidente monumental do Sekiguchi no warm-up das 250cc ontem em Brno. Imagens impressionantes!

Le Mans é aqui!




Cresce a expectativa em torno do segundo evento mais aguardado do automobilismo no Brasil. O primeiro, claro, é a Fórmula 1 no dia 21 de outubro. Algumas semanas depois, a partir do meio-dia de 10 de novembro, a Le Mans Series abrilhantará mais uma edição das Mil Milhas em Interlagos.

A organização trabalha incansavelmente e prevê a presença de mais de 40 carros no grid. Trinta e seis deles virão da Europa, pelo menos quatro dos EUA e outros três - todos modelos da classe GT2 - de equipes brasileiras.

Uma fonte super confiável me informou que dois dos carros estadunidenses são o Lola / Acura de Adrián Fernandez e Luis Diaz e a Ferrari 430 da Risi Competizione com Jaime Melo Jr. / Mika Salo. Nos bastidores, trabalha-se pela presença de pelo menos mais um protótipo - não se sabe ainda qual. E surpresas podem aparecer até o anúncio oficial dos inscritos.

Da tropa européia estão praticamente asseguradas as seguintes equipes:

LMP1 - Peugeot (com dois carros), Pescarolo (trará apenas um), Courage Competition (virá com um carro apenas), Rollcentre, Arena International, Creation Autosportif, Charouz e Chamberlain-Synergy.

LMP2 - RML (a equipe de Thomas Erdos), Binnie Motorsports, Saulnier Racing, Barazi-Epsilon, Pierre Bruneau, Bruichladdich Radical, Embassy Racing, Quifel ASM Team e Kruse Motorsport.

LMGT1 - Oreca, Racing Box (na dúvida entre Saleen e Maserati), Team Modena (de Christian Fittipaldi), AMR Larbre (com pelo menos um carro), Luc Alphand Aventures (com pelo menos um carro, podendo trazer dois) e provavelmente a Doran-Lista Racing com o Maserati de Fredy Lienhard / Didier Theys.

LMGT2 - IMSA Performance Matmut, Proton-Felbermayr (com pelo menos um carro), Scuderia Villorba Corse, GPC Sport (com dois carros), Team LNT Panoz, Spyker, Farnbacher Racing e Virgo Motorsport.

As três equipes nacionais, com 90% de certeza, serão a Stuttgart Sportcar, com um Porsche GT3 RSR, a Tekprom - do Rio de Janeiro - com uma Ferrari 360, e a de Chico Longo com mais outra Ferrari - não se sabe ainda o modelo, se 360 ou 430.

Ontem, nos 1000 km de Spa-Francorchamps, com tempo instável e muitos abandonos, a vitória foi da Peugeot (de novo!) com Stéphane Sarrazin e Pedro Lamy, pela terceira vez no ano. Eles lideram a classificação na LMP1 com 36 pontos e Boullion, da Pescarolo, é o segundo a dez pontos deles.

Com o terceiro lugar na classificação geral obtido de forma brilhante na pista belga, Thomas Erdos agora soma 31 pontos ao lado do parceiro Mike Newton, liderando a pontuação na classe LMP2. O português Miguel Amaral e os espanhóis Miguel Angel de Castro e Angel Burgueño somam 24 pontos e seguem na briga.

A LMGT1 está mais disputada do que nunca. Ayari e Orteli, da Oreca (Saleen), venceram a terceira seguida e passaram a 30 pontos na classificação. Mas eles que tomem cuidado, pois Goueslard e Policand vão pra briga, já que têm 29. Luc Alphand, patrão e piloto do Corvette junto com seus compatriotas, vai correr no Mundial Cross-Country no Deserto do Atacama e estará ausente dos 1000 km de Silverstone, onde Oliver Gavin reforçará a equipe.

Por fim, na LMGT2, os surpreendentes Bob Bell e Allan Simonsen, com Ferrari, continuam no comando com 32 pontos. Marc Lieb e Xavier Pompidou, que ganharam em Spa, estão a três pontos dos líderes e prometem engrossar a disputa pelo título.

O que se conclui é o seguinte: com certeza três dos quatro títulos em jogo serão decididos em Interlagos. A possibilidade da dupla da Peugeot ganhar a LMP1 por antecipação existe, mas é bom não torcer por ela.

Não acham?

Nascarianas

O blogueiro Ricardo Moribe manda e-mail com duas indagações sobre a Nascar. Uma exige explicação e a outra é bem simples.

Vou começar pela mais fácil: ele quer saber porque Dale Earnhardt Sr. era conhecido pelo apelido The Intimidator. Sete vezes campeão e maior vencedor de títulos da história da Stock Car estadunidense, Dale pai ganhou este apelido pelo arrojo e também por intimidar os adversários nas divididas por posição. Como não tinha medo de nenhum deles e se preciso jogava-os para fora da pista, por isso ganhou a alcunha.

O segundo alvo de questionamentos é Jeff Gordon. E dá pra entender o porquê.

Aos 35 anos e com uma longa carreira pela frente - isto se quiser continuar competitivo - o piloto nascido na Califórnia tem quatro títulos na Nextel Cup e pode chegar ao quinto este ano. Realizado no que sabe fazer melhor, muito bem financeiramente, casado e pai de quatro filhos, Gordon é o piloto a ser batido e o seu sucesso incomoda muita gente.

As críticas mais ácidas vêm, incrivelmente, de um brasileiro que empunha um microfone para comentar as corridas da Nascar para um canal de TV a cabo. Do alto de sua "sapiência automobilística", com entrelinhas - e às vezes sem elas - detona Gordon, chamando o piloto de "integrante da turma do arco-íris" (ou seja, de viado) e de "parte da turma do mal".

Puro despeito. Primeiro, isso de "arco-íris" é porque Gordon usa em seu Chevy o número 24. Segundo, que como já disse, ele é casado. E terceiro, eu nunca soube que o piloto fizesse parte da turma do mal - ao contrário de reconhecidos canalhas que correm ali.

Há um preconceito sim porque Jeff é californiano, não é um redneck (caipira) como 90% dos pilotos da Nascar o são.

E o que deve doer fundo em muita gente é que o cara guia bem em tudo quanto é tipo de pista: superspeedway, oval médio, oval curto e misto.

Tem mais um detalhe: perguntem a quem ele deixou impressionado quando "trocou" de lugar com Montoya e andou de Williams-BMW em Indianápolis há alguns anos.

A sigla FW diz alguma coisa?

O novo-velho Tecno

No post mais abaixo sobre o Amon AF101, eu disse que Chris Amon esteve em 1973 correndo pela Tecno-Martini, ajudando no desenvolvimento do difícil carro italiano com motor Pederzani Boxer de 12 cilindros e cerca de 460 HP de potência.

Amon conseguiu um promissor 6º lugar na estréia em Zolder, na Bélgica, marcando o único ponto da história da Tecno. Em Mônaco, largou de um ótimo 12º posto no grid, abandonando por superaquecimento. Seguidos problemas só fizeram o carro e o piloto neozelandês regressarem para mais duas corridas, na Inglaterra e na Holanda. Após o GP da Itália, a parceria se desfez e a Tecno cancelou o projeto F-1.

Para gáudio dos admiradores dos carros antigos, o modelo PA123/6 com o qual Amon disputou parcialmente o Mundial de 1973, foi inteiramente restaurado. E o próprio Chris fez questão de guiá-lo, como mostra abaixo a foto enviada pelo companheiro e tricolor de quatro costados Caíque "Pescarolo".


A turma do "cansei"

Adriana Lessa, Agnaldo Rayol, Amália Rocha, Ana Maria Braga, Beatriz Segall, Caio, Carlos Alberto de Nóbrega, Christiane Torloni, Eduardo Araújo e Silvinha, Enza Flori, Fernando Scherer, Goulart de Andrade, Hebe Camargo, Irene Ravache, Ivete Sangalo, Jair Rodrigues, Lars Grael, Leo Jayme, Luana Piovani, Mayara Magri, Moacyr Franco, Osmar Santos, Paulo Vilhena, Regina Duarte, Sérgio Reis, Seu Jorge, Silvia Poppovic, Tom Cavalcanti, Torben Grael, Victor Fasano, Wanderléa, Zezé Di Camargo.

Well, well, well...

O último nome da lista é uma surpresa, pois é sabido que ele fez campanha pró-Lula na eleição de 2003.

Mas, pensando bem, nem tanto.

Com exceção de uma meia-dúzia, onde é que mais estas pessoas aparecem na mídia?

Na revista Caras, na Flash do Amaury Jr. e em outras publicações da imprensa marrom, que sobrevivem de fofoquinhas e um suposto glamour.

A maioria destas figuras tem benesses que 99,9% da população não possuem. Têm rendas altíssimas, moram em casas confortáveis e viajam de primeira classe para curtir longas férias.

E estão cansados?

Cansados do que?

Eu é que estou cansado... de pagar impostos altos, dos altos preços dos alimentos e demais produtos nos supermercados, de esperar meia hora pra pegar ônibus para ir trabalhar, de pagar aluguel, de ver as caras dessas pessoas se "indignando" com um governo que, mesmo cometendo diversos erros, não pode ser criticado em alguns pontos.

Afinal, meus caros, com o dólar a menos de R$ 2, como há alguns dias, eles ficam possessos porque têm que dividir espaço com a classe média nos aviões, lotados de turistas nas férias de verão e inverno.

Aliás e a propósito: pra quem não sabe, Seu Jorge era um mendigo, daqueles bem esmulambados, antes de ser "salvo" pela música. Seu outro pecado, além de estar na lista, é dividir um péssimo disco com a Ana Carolina.

E tenho dito.

Carros de uma corrida só (parte 5) - Bugatti T251

A Bugatti, marca lendária da indústria automobilística, começou suas atividades em 1909. Fundada por Ettore Bugatti, um italiano que emigrou para a França, a marca logo ingressou nas corridas, mas a I Guerra Mundial impediu as competições.

Na década de 20, a Bugatti regressou com força na categoria voiturettes conquistando cinco triunfos em oito corridas de que participou. E logo depois surgiria o piloto que deu maior visibilidade à marca franco-italiana: Louis Chiron. O monegasco e Achille Varzi foram os maiores combatentes dos pássaros prateados alemães construídos por Mercedes e Auto Union, numa época em que a Alfa Romeo dominou por um bom tempo as competições. Veio a II Guerra, as corridas foram de novo suspensas e a Bugatti saiu de cena.

Entre 1946 e 1948, quando a Fórmula 2 já era uma alternativa barata e com motores de menor cilindrada em relação à F-1, a Bugatti alinhou um carro com bons resultados. Mas de novo a marca despareceu do horizonte. Por isso, foi até com uma boa dose de surpresa que o construtor anunciou um projeto para a categoria máxima, em 1956.



Obra de Gioacchino Colombo, o modelo T251 pintado na tradicional cor francesa (azul-claro) no automobilismo foi concebido com motor de oito cilindros em linha. Desenvolvido na fábrica de Molsheim, o conjunto carro-motor fez sua aparição no GP da França com Maurice Trintignant, que um ano antes vencera o GP de Mônaco.

O carro era bonito, mas não tinha a qualidade necessária para um bom resultado: velocidade e confiabilidade. Trintignant queixou-se da lentidão do bólido depois de amargar o antepenúltimo tempo entre 20 inscritos. O 13º lugar foi o que o experiente piloto conseguiu de melhor durante suas dezoito voltas na prova, antes de abandonar com problema no acelerador.

Após o fracasso do T251 em Reims, Colombo pediu as contas e foi ajudar no desenvolvimento da Maserati 250F, que se tornaria campeã em 1957 com Juan Manuel Fangio. E o carro ítalo-francês jamais saiu da fábrica de Molsheim para qualquer outra competição.

Restos mortais



Aqui acima, a foto dos "restos mortais" da Aprília do piloto japonês Taro Sekiguchi, vítima de um fortíssimo acidente no GP da República Tcheca em Brno, na classe 250cc.

Após bater na Gilera de Marco Simoncelli, Sekiguchi levantou vôo e caiu de costas no asfalto. Já inconsciente, foi trasladado a um hospital onde se constatou uma fratura de bacia.

O estado de saúde do japonês é estável. E dada a gravidade do acidente, é um milagre que ainda esteja vivo.

Dificlmente Sekiguchi regressará para as provas restantes do campeonato e a Campetella Racing terá que buscar um substituto.

Vou caçar o vídeo no Youtube e postá-lo mais tarde.