terça-feira, 28 de agosto de 2007

Carros de uma corrida só (parte 8) - Rebaque HR100

Engana-se quem pensa que Chris Amon tenha sido o último piloto-construtor da história da Fórmula 1, um privilégio que ele repartia com monstros sagrados como Bruce McLaren, John Surtees e Jack Brabham - e também o folclórico Arturo Merzario. Um outro nome, surgido nos anos 70, entrou para esse seleto clube: Hector Rebaque.

Nascido em 1956 na Cidade do México, e de família multimilionária, ele começou no automobilismo aos 15 anos de idade. Em 1972, recebeu autorização especial para disputar as 24 Horas de Daytona num Porsche 914/6 em dupla com o compatriota Guillermo Rojas, já que era menor de idade. Três anos depois, já estava na Fórmula 2 e na Fórmula Atlantic, onde "trocou tintas" com um certo canadense, de nome Gilles.

Com o dinheiro do pai, não foi difícl para Rebaque tentar o acesso para a Fórmula 1. Bateu à porta de Bubbles Horsley, chefe da equipe Hesketh, com um gordo cheque e assumiu a vaga de segundo piloto - o primeiro era o veloz mas irregular Rupert Keegan. Em oito oportunidades, só correu no GP da Alemanha - onde largou em último e abandonou com a bateria arriada.

Na época a categoria ainda permitia às equipes menores a compra de chassis antigos, e por isto mesmo Rebaque montou sua própria escuderia - alinhando uma Lotus 78 de 1977. Ele não largou em seis provas do Mundial de 78, mas por incrível que pareça, conquistou um surpreendente 6º lugar no GP da Alemanha - o último ponto marcado por um piloto particular na F-1.

Para 1979, ele tinha planos ainda maiores, inclusive a construção do seu próprio carro. Mas enquanto isso não acontecia, ele comprou uma Lotus 79 - modelo asa. Falhou a classificação em várias oportunidades e conseguiu como melhor resultado um modesto sétimo lugar na Holanda, onde apenas... sete pilotos completaram.

No GP da Itália, o carro ficou pronto: o Rebaque HR100 era uma cópia-carbono do Lotus 79 e há quem diga que um dos desenhistas é John Barnard, que na época trabalhara no projeto do Chaparral-Cosworth da USAC. O mexicano não classificou-se para a prova e no Canadá, enfim, alinhou seu carro. Largou em 22º entre 24 pilotos e abandonou na vigésima-sexta volta com o motor fundido, quando ocupava a 16ª posição. Mais uma desclassificação na prova dos EUA-Leste em Watkins Glen, frustrou Rebaque - que pôs um fim ao projeto.


Rebaque vai a reboque: o HR100 foi um fracasso

Ele voltou à F-1 em 1980 com o dinheiro da Pemex (Petroleo de Mexico), comprando a segunda vaga na Brabham, onde certamente aprendeu alguma coisa com Nelson Piquet. Na equipe de Bernie Ecclestone, conquistou os melhores resultados da carreira - dois sextos lugares no grid nas provas da Argentina e do Canadá (ambos em 1981) e três quartos lugares em corrida, em San Marino, na Alemanha e na Holanda, também em 81.

Rebaque com certeza guarda na memória a melhor corrida da vida: o GP da Argentina, quando por 17 voltas fez dobradinha com Nelson Piquet. Abandonou com o distribuidor quebrado, mas ele nunca mais esquecerá aquele 12 de abril.

Apesar do generoso aporte financeiro, o gentleman driver nunca mais correu na categoria máxima em caráter oficial. Sua última aparição foi na Corrida dos Campeões em 1983, no circuito de Brands Hatch. Nesse meio tempo, ele também correu na Indy Car Series, hoje ChampCar. E venceu de forma insólita uma prova em Elkhart Lake, liderando a corrida apenas na última volta.

7 comentários:

Anônimo disse...

Boa lembraça da equipe mexicana de Hector Rebaque, patrocinada pela Carta Blanca e ... Marlboro.

Agora pra terminar a odisséia da latinoamerica de F-1 só falta a equipe de Orestes Berta que ... nem largou, por falta de um motor Berta V-8 inteiro pra largada e ainda flta de $$$$ pois o Wilsinho que tb estreava na Argentina chegou a oferecer um Cosworth meia boca pra estréia, a custo da revisão. Nem este $$$ tinha o Berta e Nene Garcia Veiga não pode correr com o carro na F-1 nunca.

Anônimo disse...

Rodrigo,
Pra mim isso era uma Lotus 79!!!!

Anônimo disse...

Caique ,
Na verdade o Rebaque é mesmo um Lotus 79, o fato é que eles desmontaram todo o carro e montaram novamente ,ai é que entra John Barnard ,segundo dizem ele fez varias alterações extruturais no chassi e na aerodinamica ,francamente a unica coisa visivel é a terminação da lateral traseira ,coisa minima.
É aquela coisa de ego, só para ter o nome entre os construtores.
Mas teve outros casos ,Eifelland ,Boro,Apollon etc.
Sem falar no F7.

Jonny'O

Rodrigo Mattar disse...

O Boro não conta. Aquele carro era o Ensign N176 sem tirar nem pôr. Já o Fittipaldi, como não podia se chamar Wolf WR9, mudou para F7. O WR8, com o qual o James Hunt começou e não terminou o ano de 79, tinha uma ponta no fim da asa lateral, suprimida no WR9 que o Keke Rosberg conhecia tão bem... rsss

Hurricane disse...

Yo estuve aquel 12 de abril en el Autódromo. Puedo asegurar que Rebaque parecía Jim Clark, superando pilotos con una autoridad impresionante, hasta que abandonó

Anônimo disse...

"gentleman driver" estou rindo disso até agora!!

Wallace Michel

Anônimo disse...

Lembrar do Boro foi grande!!
Boro...