sexta-feira, 31 de agosto de 2007

O dia em que a Ferrari vestiu azul


Lembram da canção de Wilson Simonal que dizia assim: "Vesti azul... minha sorte então mudou..."?

Pois é: a foto, raríssima, é uma indicação do leitor Clébio, de Sete Lagoas (MG). No meu post sobre a miniatura da 512 da Penske-White, eu questionei se era lenda ou não a história da Ferrari correndo de azul na Fórmula 1.

Não. Não é, como revela a imagem.

Mas cabe explicação. A Scuderia Ferrari não se inscreveu oficialmente para as duas últimas provas do ano - EUA e México - mesmo com John Surtees na briga pelo título. A solução foi colocar os dois carros sob a égide da NART - North American Racing Team - representante do Cavallino Rampante no território estadunidense.

E as cores da NART eram branco... e azul.

Com os carros Ferrari nestes tons, John Surtees e Lorenzo Bandini partiram para as provas finais. Em Watkins Glen, prova que teve o primeiro jornalista brasileiro a cobrir uma corrida da categoria máxima (Mauro Forjaz, da Autoesporte), Surtees chegou em segundo a mais de 30 segundos para Graham Hill, que sempre se deu bem no circuito localizado a 50 km de Nova York.

O inglês da BRM tinha 41 pontos no total e teria que descartar um quinto lugar, baixando para 39. John Surtees, com 34, precisaria vencer ou no mínimo chegar em segundo - evidentemente com Hill fora dos pontos - para ser campeão.

Pois bem: no México, Hill fez uma corrida desastrosa e chegou em 11º - atrás até do piloto local Moises Solana. Surtees chegou a andar em décimo, rapidamente passou para terceiro e depois baixou para quarto, atrás de Lorenzo Bandini, com a outra Ferrari.

O proverbial azar de Jim Clark, campeão de 1963, se fez presente na penúltima volta. Quando ele liderava, a Lotus parou em razão de um dano mecânico. Dan Gurney, com a Brabham-Climax, venceu e Bandini, que vinha à frente de Surtees, tirou o pé e permitiu a ultrapassagem do inglês - que assim conquistou o título mundial de pilotos na temporada 1964.

4 comentários:

Anônimo disse...

Azul e branco eram as cores dos EUA, na época em que os carros corriam com as cores de seus países de origem. Como a NART era sediada lá, comandada por Luigi Chinetti, importador e representante da Ferrari para os EUA, taí o carro biancoazzuro.
E a corrida de Hill no México foi um desastre, em verdade, porque ele foi jogado para fora da pista pelo Bandini, em uma tentativa de ultrapassagem mal feita. Hill, cavalheiro que era, logo descartou a hipótese de choque intencional, embora tenha contribuído em muito para o título de Surtees.

Capelli disse...

A Ferrari não se inscreveu com seu nome e nacionalidade para a corrida por causa de uma briga de Enzo Ferrari com a federação italiana, salvo engano.

A inscrição sob o nome de NART e com as cores dos EUA foi a forma de protesto do comendador.

Se não foi isso, foi algo próximo disso. ;)

Anônimo disse...

Mauro Forjaz! Trabalhei com ele na década de 80 no Jornal do Commercio. Hoje me impressiono como, com muito mais facilidade de obter informação celular, internet, tv-cabo etc), os coleguinhas não tem um décimo do conhecimento dele. Ainda está vivo?

Anônimo disse...

obrigado por nos dar mais detalhes sobre o assunto, e colocar minha foto num post, fiquei muito lisonjeado!

abraços