quarta-feira, 1 de agosto de 2007

Leãozinho

Gosto muito de você, Leãozinho
Caminhando sob o sol
Gosto muito de você, Leãozinho

Os versos iniciais da canção de Caetano Veloso não deixam transparecer quem seria o "Leãozinho" citado. Mas o próprio compositor baiano tratou de desfazer o mistério muito tempo depois: "O 'Leãozinho' é Dadi".

Batizado Eduardo Magalhães de Carvalho, Dadi é um dos grandes músicos brasileiros em todos os tempos, com um currículo invejável em mais de 30 anos de carreira. Dos Novos Baianos ao projeto dos Tribalistas, ele emprestou sua competência e - tal como o brilhante Lanny Gordin - reúne num CD solo antigos colegas de grupos anteriores e parceiros como Domênico Lancellotti, Caetano Veloso, Marisa Monte, Jorge Mautner, Arnaldo Antunes e Rita Lee.




Coincidentemente nascido sob o signo de Leão, o músico estava n'A Cor do Som, sua segunda banda, quando Caetano gravou no estúdio ao lado de onde ensaiavam a música "Leãozinho", dedicada a ele e a Moreno Veloso, então com 5 anos - isso foi em 1977.

Depois de incendiar o rock com Pepeu Gomes, Baby Consuelo, Galvão, Paulinho Boca de Cantor, Moraes Moreira e Jorginho Gomes nos Novos Baianos, Dadi partiu para o grupo A Cor do Som, tocando com o irmão Mú Carvalho, com Armandinho (do trio elétrico Armandinho, Dodô e Osmar), o ótimo baterista Gustavo Schroeter, já citado neste blog em diversas ocasiões, e o percussionista Ary Dias.

Eles foram aclamados no Montreux Jazz Festival em 1978, fazendo música brasileira - e estrangeira, como "Eleanor Rigby" - instrumental. No ano seguinte, começaram com vocais no álbum "Frutificar" e estouraram nas paradas com "Beleza Pura", de Caetano. Depois, arrebentaram com "Abri a Porta", provavelmente o maior hit da história d'A Cor do Som.

A banda tinha contrato com a Warner e forte presença no mercado internacional graças a André Midani e Nesuhi Ertegun, lenda da indústria do disco e fundador da Atlantic Records. Mas o sonho começou a ruir quando em 1984 Armandinho deu no pé e em seu lugar entrou o argentino Victor Biglione.

A Cor do Som ainda resistiria por mais três anos, com Dadi já passando a guitarrista e entrando nomes como Jorginho e Didi Gomes, irmãos de Pepeu. A chama não era mais a mesma, a Warner não renovou o acordo e assim o grupo chegou ao fim - sem mágoas, sem atritos.

E Dadi, com seu espírito sempre jovem, seguiu seu caminho. Tocou com Jorge Ben e ainda foi colaborar com o Barão Vermelho, substituindo Dé Palmeira no baixo. "Tomei um puta susto quando vi que o meu substituto era o Dadi, meu ídolo desde A Cor do Som", disse Dé.

Dadi tocou em apenas um disco - "Na Calada da Noite" e em seu lugar entrou Rodrigo Santos, que permanece no Barão até hoje. O que aconteceu é que ele recebeu um convite - irrecusável - para tocar com Caetano Veloso na turnê de seu disco "Circuladô de Fulô" e ele embarcou nessa, gravando e viajando também com Marisa Monte.

Em 1992, ainda formou o efêmero grupo Tigres de Bengala, com Ritchie, Vinícius Cantuária, Cláudio Zoli, seu irmão Mú e William Forghieri. Certa feita, num chat do UOL em que o entrevistado era Vinícius Cantuária eu perguntei porque com tanta gente boa o grupo acabou e ele me disse de pronto:

"Até hoje não entendi! Quem sabe a gente volta a tocar juntos de novo?"

Tomara!

E vida longa ao 'Leãozinho' Dadi!

PS.: em seu blog, Pedro Alexandre Sanches reproduziu a ótima entrevista que ele fez com o músico. Eu li, adorei e recomendo.

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