segunda-feira, 26 de setembro de 2011

Meninos, eu vi - Metallica no RiR

Sabem aqueles momentos que você vive e quer guardar para sempre na retina, como um sonho bom?

Pois é... neste domingo, 25 de setembro, a música mais uma vez foi capaz de proporcionar a mim, a você, a todos nós que gostamos da boa música, um desses momentos. Quase quatro horas de adrenalina, de energia, de um absurdo de apresentação que foi a participação do Metallica na 'noite do metal' desta edição 2011 do Rock in Rio.

É fácil 'jogar com a plateia ganha'? Claro, é uma barbada - para quem sabe das coisas. O Metallica não é uma dessas bandinhas formadas na esquina. Os caras têm 30 anos de estrada, ganharam cancha, amadureceram, tratam bem demais o público - nada de palavrões desnecessários como os mascarados do Slipknot, a banda que (erroneamente) antecedeu James Hetfield, Lars Ulrich, Rob Trujillo e Kirk Hammett.

A Cidade do Rock explodiu em som e fúria da primeira à última música. Quando entrou no telão uma cena do filme "Três homens em conflito", estava deflagrada uma das maiores apresentações da história do festival. Eles aumentaram o fogo da panela de pressão com "Creeping Death", um dos clássicos obrigatórios em qualquer discoteca de metaleiro. E seguiram o mesmo roteiro do show com o Big Four, ocorrido há menos de duas semanas.

Ligados na tomada em 220V, Hetfield e seus camaradas entraram aceleradíssimos e sem tirar de dentro em "From Whom The Bell Tolls" e "Fuel", quando ele e Kirk Hammett trocaram de guitarra pela primeira vez - aliás, jurei que contaria quantas vezes isso aconteceu ao longo do show, mas no meio, empolgado com o som e a qualidade do espetáculo, perdi a conta.

A plateia, ensandecida, pedia mais. E vieram "Ride The Lightning", "Fade To Black", "Cyanide" e "All Nightmare Long", antes de um dos grandes sucessos do maior sucesso comercial da história do Metallica, que é o Black Album - "Sad But True". Aqui em casa, as esquadrias de alumínio da janela estremeceram, o quarteirão não dormiu, o som estéreo aumentou o volume e a TV trazia a imagem nítida, limpa, cristalina, em alta definição.

Não foi difícil para o Metallica manter o altíssimo nível de sua apresentação, com uma espetacular "cozinha" formada por Lars Ulrich e Rob Trujillo (o veterano de guerras, ex-baixista de Suicidal Tendencies, Infectious Grooves e da banda de Ozzy Osbourne), que com seu instrumento quase na altura dos joelhos, deu uma aula de como tocar baixo sem ser fanfarrão - embora o Flea, que é um mestre dos mestres das quatro cordas, possa parecer um. E aí vieram a excepcional "Welcome Home (Sanitarium)", a sensacional "Orion" e "One", talvez a primeira música deles que ouvi na minha vida, lá pelo fim dos anos 80.

Daí para diante, o esporro sonoro foi absurdo, ajudado por 100 mil gargantas, almas e vozes urrando o que ainda lhes restava dentro de si. "Master of Puppets" e "Blackened" antecederam a outros dois clássicos do Black Album, a belíssima balada "Nothing Else Matters" (sim, belíssima, como não?) e a suprema "Enter The Sandman".

O bis, sumariamente omitido pela Rede Globo, que transmitiu todas as 15 músicas anteriores sem qualquer tipo de interrupção, porém com uma gravíssima falha de colocar apenas uma palavra de cada nome das músicas no setlist (normal, todo mundo abrevia os nomes, não pensaram nisso na hora?), coisa que daria demissão nos tempos em que Boni era o todo-poderoso da emissora. Como os tempos são de Boninho... melhor pular essa parte e voltar para o que interessa: as últimas três músicas, simplesmente arrasadoras - a cover de "Am I Evil?" (Yes I am!), a velocíssima "Whiplash" e, clássico dos clássicos, símbolo apoteótico da catarse, "Seek And Destroy".

O show terminou com uma merecida homenagem a Cliff Burton, baixista-fundador do Metallica, um monstro do seu instrumento, que morreu de forma trágica há 25 anos. Exatamente hoje, num 26 de setembro como este, só que de 1986.

Ao fim de 18 músicas, uma certeza: assistimos hoje a uma aula de show de rock and roll, talvez um dos poucos que mereçam figurar a partir de agora no topo das apresentações épicas do Rock in Rio, dentre as quais citaria Queen e Rod Stewart em 1985, Faith No More em 1991, Neil Young, Iron Maiden e R. E. M. em 2001 e, dez anos após a última passagem do evento por aqui, Metallica.

Uma certeza só? Tem certeza?

Que tal duas?

Então tá: Roberto Medina, fecha o barraco, rapaz. Já pode acabar com o Rock in Rio, tá? Obrigado.

Um comentário:

Denise do Amaral disse...

Perfeito, Digo ... Relatou exatamente os que nossas retinas registraram ...Bj