sexta-feira, 9 de fevereiro de 2007

BASTA!

Todos os jornais hoje, com exceção dos que têm o esporte como teor (Jornal dos Sports e Lance) berravam manchetes sobre a barbárie de Oswaldo Cruz.

No distante subúrbio carioca, o menino João Hélio Fernandes Vieites, de apenas seis anos de idade, pagou o caríssimo preço de vivermos nesta cidade. Mais uma inocente vítima da violência que nos amedronta dia após dia. Preso no cinto de segurança do carro da mãe, que foi roubado por assaltantes (há quem diga que com uma arma de brinquedo), foi arrastado de forma bárbara até morrer, por quatro - eu disse QUATRO! - bairros: Oswaldo Cruz, Madureira, Campinho e Cascadura, durante inacreditáveis sete quilômetros.

O pai de um dos suspeitos de participação no crime não teve pudor em denunciar o próprio filho. Agiu com correção. Também pudera: é um homem humilde, trabalhador e jamais gostaria que o menino se envolvesse com a criminalidade. Mas este país é o campeão mundial da desigualdade social. Prédios, mansões, casas e condomínios avaliados em milhões de dólares e gente com fortunas incalculáveis contrastam com as favelas, a miséria esfregada dioturnamente na nossa cara graças a presença dos mendigos e meninos de rua, cheirando cola e às vezes fumando crack.

A vagabundagem é um passo para a marginalidade e todo mundo sabe disso. Todas as esferas governamentais, políticos, população, nós todos. Então, porque é que em vez de ficarmos pensando em Jogos Pan-Americanos e em Copa do Mundo - dois eventos que o Brasil já demonstrou não ter condições de organizar - não nos envolvemos em projetos que dêem à população carente condições de viver: escolas baratas e com ensino de qualidade; projetos de saneamento básico; postos de saúde equipados com o necessário para atender a população.

Esta é a tríade do desenvolvimento: educação + higene + saúde. Com oportunidades reais de trabalho, este país não teria tantos bandidos, tantos vagabundos levando vida fácil às custas do tráfico de drogas para extorquir, roubar e lamentavelmente matar pessoas inocentes.

Seria pedir demais ao presidente Lula, ao governador Sérgio Cabral e ao prefeito maluquinho CEM que se juntassem para sentar, conversar e discutir os problemas de segurança no Rio de Janeiro?

Esta é uma hora que não pode haver o famoso e babaca "jogo de empurra", onde um passa a responsabilidade pro outro. Será que eles e as demais otoridades não páram para pensar que podia ser, em vez do menino José Hélio, um dos filhos deles? Ou de qualquer um de nós que tenha família?

BASTA!

A ministra do STF Ellen Gracie tem toda razão: a morte do menino é terrível... inconcebível... inaceitável.

6 comentários:

Anônimo disse...

Rodrigo,

Que Deus me perdoe, mas acharia ótimo pegar cada um dos envolvidos, um por vez, amarra-los e puxa-los por um asfalto bem quente, de preferencia no Autódromo, com os que ainda vão ser puxados, vendo o horror que fizeram a uma criança.

Victor Menezes disse...

Adoraria dar um tiro de escopeta no joelho de cada um deles.

Quanto aos governantes:

-CEM só pensa no PAN
-Cabralzinho não fede nem cheira
-Lulalá não sabe de nada

E o caos só vai aumentando...

Anônimo disse...

Eh dose kra, falei sobre isso hoje também no meu, mas é tão barbaro isso que falta ate um texto pra descrever.

Eu só espero que essa indignação nacional nao seja mais um fogo de palha e que daqui a uma semana vamos falar de carnaval, da roupa da rainha de bateria da escola X e por ai vai.

Abraços!

Rodrigo Nunes Yoshihara disse...

Rodrigo, eu acho que uma punição boa seria arrastar aqueles três, quatro, cinco, sei lá, pendurados em uma corda, pelos 7960 m do Interlagos Antigo.

O asfalto da parte velha está tão detonado que será uma tortura interessante... para nós vermos!

Por que será que não deixam eles em praça pública para serem linchados ou retalhados?

Luly disse...

Essa tragédia, aliada a outras, como a daquela família incendiada viva (inclusive uma criança dessa mesma idade) e a mais recente em que o filho matou e esquartejou a mãe, não está restrita ao Rio de Janeiro, mas a um país onde os valores se foram, infelizmente, e não dá pra fazer remendos.
A educação não deve se ater apenas às crianças, todo nosso povo precisa ser reeducado para voltar a ter mais próprio e não aceitar o que está acontecendo de forma geral.
O que me move a acreditar que mudar é possível sou eu mesma: vim do zero, sempre estudei em escola pública, tive que criar minhas próprias oportunidades, e tento me reeducar a cada dia e crescer. O caminho é longo, mas tem jeito! O que falta é boa vontade e menos hipocrisia.

Anônimo disse...

Adoraria que este crime, se tornasse uma espécie de marco, onde as coisas realmente começariam a mudar, onde a sociedade desse um basta a essa situação hedionda em que vivemos.
Pq do jeito que está não pode ficar, as leis precisam mudar, o estado precisa agir, a sociedade precisa cobrar dos dignissímos políticos que estão montados nos seus palácios, para que descem e encarem a realidade, mudanças sérias precisam ser feitas nos campos da justiça, da política, social e educacional.
Sinceramente é oque espero e vou cobrar sempre.

Filipe W