No embalo do post anterior, em que comemoramos o primeiro aniversário do blog, ainda estou sob o efeito do que assisti há pouco aqui no Rio de Janeiro.
Sim, senhoras e senhores... ou como diria Juca Pirama, 'MENINOS, EU VI!'
Eu vi Sérgio Dias, Arnaldo Baptista, meu amigo Dinho Leme, Zélia Duncan e todo o povo que compõe o retorno dos Mutantes ao cenário musical.
Trinta anos depois do último show na Cidade Maravilhosa, no Museu de Arte Moderna (MAM), o grupo veio para se apresentar em única noite no Vivo Rio - que é colado no Museu... olha quanta coincidência.
Sem atropelo nenhum, cheguei em torno de 8h40, enquanto o resto do pessoal, atravancado por engarrafamentos provenientes dos blocos de carnaval, veio de última hora. Não sei se a casa estava tomada, mas com certeza havia mais de 2 mil pessoas na platéia.
Antes do show, um momento inusitado: uma mulher de pouco mais de 40 anos, acredito, e acompanhada pelo marido (ou namorado, sei lá... embora não estivessem em momentos de intimidade), dispara a seguinte pergunta:
- Tens um baseadinho aí?
Eu, que nunca fumei maconha (que rolou lá no show à vontade) na vida, brinquei.
- Não tenho não, sou tecnicamente careta. Gosto de música de viajandão mas só bebo cerveja.
Ato contínuo, com uns 40 minutos de atraso, o show começou. A platéia foi ao delírio na entrada da banda, que abriu com "Dom Quixote". Na verdade, é a seqüência do DVD gravado no Barbican Hall em Londres - mas notam-se diferenças sutis.
A primeira, visível, é que Zélia Duncan está muito mais à vontade agora como uma Mutante de verdade. E por favor, vamos parar de uma vez com as comparações idiotas entre ela e a Rita Lee. Sem contar que em dado momento do show, algum fã idiota, "viúva" da cantora original, jogou uma garrafa que quase acertou a Zélia. Tremendo bola-fora, felizmente o único do show.
A segunda, tão audível quanto visível, é uma surpresa e tanto. Dinho Leme, velho de guerra, está mais vivo do que nunca e mandando espetacularmente bem na bateria. E muito mais solto, ele mesmo admite, do que na primeira vez em que tocou ao vivo com o grupo depois de longo tempo ausente nas baquetas.
Sérgio Dias, todo mundo viu, é o líder, o frontman, conduzindo com carisma e com sua insuperável técnica o show do início ao fim. Foi o responsável pelo grande momento musical da noite, num fantástico improviso durante "Ando Meio Desligado".
E torno a repetir: Arnaldo Baptista continua comovendo a cada aparição ao vivo. Entrou no palco vestido de anjo caído e fez o seu papel. Foi o vocal principal em "Cantor de Mambo", na sensacional "Dia 36" - sempre com direito a distorção; dividiu as vozes com Zélia Duncan em "Ave Lúcifer" e... surpresa... depois de anos, cantou "Qualquer Bobagem" - a única música que não fez parte do show do Barbican Hall.
Ao todo, foram 22 músicas, incluindo o final apoteótico com "Bat Macumba" e "Panis Et Circensis". A platéia (eu inclusive) urrava, pedindo "mais um" e "volta". As luzes se acenderam. Era o fim.
Mas o melhor ainda viria.
Resolvi perguntar a uma funcionária onde podia chegar perto da entrada do camarim, pra ver se eu conseguia falar pelo menos com o Dinho - que é meu conhecido. Afinal, além de jornalista, ele é irmão do Reginaldo Leme, com quem trabalho.
Me dirigi para lá e havia uma pequena confusão à beira de um cercado guarnecido por dois seguranças e um bombeiro. Eu via gente entrando, e vi que eles tinham acesso garantido porque portavam uma pulseirinha de plástico.
Não tive dúvidas. Fui direto numa pessoa da produção e falei que conheço o Dinho. Dei meu nome... e pronto! Acesso liberado!
Sem aquela neura de tiete, daqueles que fica todo tímido ao ver os ídolos, adentrei a saleta dos camarins, onde circulavam - entre os que pude identificar - Toni Platão, Carlos Eduardo Miranda (o Véio, aquele mesmo que é jurado do 'Ídolos' do SBT), Lobão e a atriz Leandra Leal.
A primeira com quem falei rapidinho e tirei foto foi a percussionista, a excepcional Simone Soul. E eu lá esperando pelo Dinho, quando resolvo olhar para um papel na porta de um camarim e vejo que ele dividia o espaço com o Sérgio Dias. Não tive dúvidas: olhei pra dentro e chamei por ele. E ganhei um caloroso abraço do amigo, quando ele saiu para as fotos de praxe.
Olha só que privilégio: eu ladeado por Sérgio Dias e Dinho Leme. Que momento!
Claro que por conhecê-lo muito mais, conversei muito com ele - e com o Lobão, que também nunca tinha visto o Dinho tocando com os Mutantes. Fui apresentado ao Sérgio Dias rapidamente e, já na cara-de-pau, falei com a Zélia Duncan e pedi uma foto com ela. Simpaticíssima, me atendeu numa boa. Como, aliás, todo mundo.
Foi uma grande noite, um grande show. Um dia que nunca mais vou esquecer.
Aliás, somado aos shows dos Rolling Stones no Maracanã em 1995 e de Robert Plant e Jimmy Page na Praça da Apoteose um ano depois, este é outro espetáculo que me dá a certeza de duas coisas:
Uma, de que nada neste mundo é impossível - palavras do Sérgio Dias durante o show.
E a outra, de que o rock and roll ainda está a salvo em meio à patuscada musical reinante no Brasil.
Sunshine for everybody!
7 comentários:
Olha, estou toda arrepiada. Moro há duas décadas nos EUA, quando jovem foram Os Mutantes os inspiradores da minha conscientização juvenil. Achei teu blog por acaso e vou linka o teu post maravilhoso, quanta coisa que aconteceu no MAM?
Dinho está com uma cara ótima.
Meus parabéns pelo post, estou tão feliz por eles, pelo Arnaldo, principalmente.
colega, na boa, que inveja! não pude ir ao show aqui em sampa, no museu do ipiranga, estou esperando que eles façam outro, para poder ir, abraçar o dinho e me sentir parte de alguma coisa daqueles loucos anos psicodélicos que não vivi. acho que vou ter de tomar uns calmantes antes e depois, porque não respondo por mim na hora que eles atacarem de "tecnicolor" e certamente vou a chão depois de "desculpe, babe"!!!
parabéns pelo relato!
Fui no show e gostei bastante...sergio Dias é um mostro na guitarra mas achei a Zelia duncan fraca...e o Arnaldo muito debilitado...o Dinho literalmente suou para manter o ritmo...mas a apresentação foi de alto nivel...vou te lembrar mais uma vez...já que vc é amigo do Dinho...pergunta se ele tem fotos do Lorena! era todo com pintuta psicodélica...
abraços
Dinho
Eu vi Tom Zé e Mutantes cantarem "Qualquer Bobagem" e "Dois Mil e Um"
Ganheeeeeeeeeeeeeeeeei!
Fala Mattar!
Parabéns pelo blog, pela fato, por tudo!
Você é nota 10.
Grande ano, merrrmão.
Claudio Stringari
gabriel pelluso:
eu estava no show e até te vi. a gente, por acaso, até se olhou, lembro q eu adorei sua blusa dos beatles. hehehe. o show foi maravilhoso, sai de lá com a alma lavada. depois do show eu consegui descrever o q senti: foi como se um adolescente visse papai noel e pensasse "caramba...ele realmente existe..."
sem palavras.
Muito legal sua festa de aniversário de um ano de blog...hahaha
Dá pra imaginar sua alegria. É o que se pode chamar de 'um dia perfeito'.
:)
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