Pois bem: eis aí o Life L190, uma das maiores "bombas" que a categoria máxima já conheceu nos últimos tempos.
O idealizador do projeto foi Franco Rocchi, engenheiro que construíra por 30 anos os motores da Ferrari. Foi ele quem revitalizou junto com Mauro Forghieri o projeto 312 B3, impulsionando as conquistas de Niki Lauda e Jody Scheckter nos anos setenta. Com problemas cardíacos, saiu da Ferrari em 1979 e virou artista plástico. Pintor bissexto, o engenheiro conheceu Ernesto Vita, que o ajudou a tornar realidade um plano louco de Rocchi: um motor novo em folha, para a Fórmula 1.
A idéia de Rocchi era original, ao montar três bancadas de quatro cilindros em cada uma (e não quatro de três - obrigado pela correção, Pandini), formando não um motor em formato de "V" como a grande maioria, mas de "W". Sem dúvida, um conjunto insólito e inédito até no automobilismo, num ano onde até os motores boxer estavam de volta com o projeto Motori Moderni-Subaru, da também italiana Coloni.
O australiano Gary Brabham topou o desafio de tentar classificar o carro no começo do ano. Péssima decisão: em Phoenix, tomou 34 segundos de Roberto Pupo Moreno, com o horroroso EuroBrun. E em Interlagos, sequer marcou tempo. Resultado: o piloto desistiu da empreitada.
A solução foi "ressuscitar" Bruno Giacomelli, experiente piloto italiano então com 38 anos de idade, com passagens pela McLaren, Alfa Romeo e Toleman entre 1977 e 1983. Pensava Rocchi que, com toda a bagagem dele, a equipe estaria a salvo de novos vexames.
Mas o chassi não "casava" com o motor W-12 e a Life foi colecionando um fracasso após o outro. Giacomelli era invariavelmente mais de 15 segundos mais lento que o melhor tempo das pré-qualificações. Pior do que isso, quando só completava uma volta e o motor quebrava na segunda. Ou quando o carro sequer saía dos boxes e o Life ficava a ver navios.
Rocchi desistiu do próprio projeto depois do GP da Itália. Em Portugal, apareceu com um motor Judd V-8 montado em seu carro, mas a mudança não deu em nada. Sem qualquer patrocínio que garantisse a equipe nas provas finais do campeonato, no Japão e na Austrália, a Life sumiu do mapa depois da etapa da Espanha, em Jerez de la Frontera. A equipe foi o maior desastre do ano.
O engenheiro aposentou-se pouco depois e morreu em 1996, aos 72 anos de idade.
3 comentários:
Sem grana não adianta,não se consegue nada na F1,o que me deixa indignado é a coragem dos caras em colocar na pista algo que se quer saiu de um estagio de desenvolvimento,esses foram loucos!
Teve um Frances que também fez um W12 ,o tal GMN ou GMN ou algo assim,chegou a testar na AGS ,mas ficou pelo caminho.
Acredito que esse pessoal não imaginava que as fabricas entrariam com tudo na F1,e os tempos de Hart,Judd e outros independentes da vida ,também não iriam muito longe.
Jonny'O
A idéia era boa, ter um motor potente como o v12 e compacto como um v8, o roblema como o Jonny´O falou,sem "dindin" não dá, pois essa arquitetura em W é complicada para funcionar adequadamente, (é só perguntar pro pessoal da VW que desenvolveu o Veyron hehehe) então já viu né ! já imaginou os problemas de resistência, potência, consumo, peso etc... sem grana !? mas que realmente essa loucuras aventureiras meio mambembes são legais isso são !
abs
Filipe W
Camarada, um pequeno reparo. O motor tinha três bancadas de quatro cilindros, e não quatro de três. Vendo o motor de frente, as bancadas ficavam com uma disposição idêntica à que aparece quando se faz um "3" usando os dedos indicador, médio e anelar. Abração. (LAP)
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