Ano passado, vivi uma daquelas experiências que ficam para sempre na memória.
Numa noite quente de outubro, fiz parte da platéia que lotou o simpático Mistura Fina, na Lagoa, para assistir a um dos muitos shows do craque do jazz John Pizzarelli.
Nascido em New Jersey, ele aparenta bem menos do que seus 46 anos escritos em qualquer documento de identidade. Bebeu das melhores fontes da música contemporânea, incluindo o clássico "Getz & Gilberto", que abriu as portas da bossa nova para o mercado internacional. E não foi à toa que ele homenageou a música brasileira com um disco intitulado... "Bossa Nova", há uns dois anos.
Seu primeiro LP foi lançado há 16 anos atrás por um selo independente e em 91 ele já era artista contratado da RCA Victor. Fez dois álbuns-tributo sensacionais, um dedicado a Nat King Cole e outro aos Beatles. Aliás, recomendo aos ouvidos mais atentos que procurem o disco "John Pizzarelli Meets The Beatles", pois ouvir as canções dos Fab Four em guitarra acústica, contrabaixo, piano e bateria vale muito a pena.
Encerrado o contrato com a RCA, ele virou artista independente, do selo Telarc, pelo qual lançou seus últimos trabalhos, incluindo o mais recente, "Dear Mr. Sinatra", onde revisita as canções imortalizadas por The Voice sem cair em obviedades.
"Queria cantar Sinatra, mas não o repertório óbvio de 'New York, New York' e 'Strangers in the Night'", comentou Pizzarelli em recente entrevista... aqui no Brasil.
Sim, o monstro sagrado, entra ano sai ano, aparece por aqui, onde tem muitos fãs, para fazer shows e apresentar suas novas canções.
No ano passado, conforme eu falei acima, me deliciei com as versões incríveis de pérolas jobinianas como "Águas de Março", "Dindi" e "Só Danço Samba". Sem contar as canções da dupla George & Ira Gershwin, além de suas próprias músicas. "Just You, Just Me", que abriu o show naquela ocasião, é sensacional, um grande cartão de visitas para ele e seu grupo - hoje um quartet formado por Larry Fuller no piano, Martin Pizzarelli no contrabaixo e Tony Tedesco na bateria.
Pizzarelli acompanha os fraseados que saem de sua guitarra Benedetto com a própria voz, brinca com a platéia, faz piadas, é simpaticíssimo e toca horrores. Um craque, um mestre do jazz contemporâneo.
E quando digo que ele é simpático, não estou brincando. Levei os quatro CDs que tenho de sua discografia para ele autografar. Fez dedicatória em todos e ainda brincou: "Por que você não leva um quinto aqui, na hora?", referindo-se ao disco "Knowing You", que podia ser comprado na hora lá no Mistura. Brinquei dizendo que "não estava prevenido" e saquei minha câmera digital para uma fotografia.
O sorriso diz tudo. Não é todo dia em que estamos diante de um monstro do jazz e, melhor ainda, um dos caras que mais admiro hoje no meio musical.
Um comentário:
Eu vi uma reportagem do John Pizzarelli na UOL. E acabo de reconhecer a foto da camisa azul...:)
Tenho um amigo angolano que adora jazz, vive me dizendo que vai trazer uma coleção de DVD's pra ver comigo quando vier ao Brasil, vou indicar esse post a ele.
bjs.
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