terça-feira, 22 de abril de 2008

Discos que já ouvi antes de morrer (XI) - Electric Ladyland / 1968


O ano de 1968 começara mal para Hendrix e o Experience. Uma problemática turnê na Escandinávia rendeu ao guitarrista uma prisão em Estocolmo (Suécia) por embriaguez. Num ataque de fúria, Jimi destruiu o quarto de hotel onde estava hospedado e a polícia foi imediatamente chamada para interceder.

Era o prenúncio do que aconteceria em seu terceiro trabalho de estúdio, Electric Ladyland, gravado ao longo daquele ano, repleto de interferências de aproveitadores e de gestação extremamente problemática. Tanto que começou a ser produzido em julho de 1967 e finalizado um ano depois.

Para começo de conversa, Hendrix - que estava em exílio na Inglaterra - decidiu-se por retornar aos EUA, investindo algum dinheiro na construção de um estúdio particular para se libertar das limitações das gravações comerciais. Não lhe foi possível concluir a realização e o projeto, batizado de "Electric Lady Studios" só seria finalizado em 1970.

O clima na gravação não era dos melhores. Chas Chandler, que arregimentara o Experience, pediu demissão pois não suportava os insistentes pedidos de Hendrix para repetir tomadas de gravação a cada música (consta que "Gypsy Eyes" teve nada menos que 43 takes! - e o guitarrista não teria ficado contente com o resultado), o que trouxe Michael Jeffrey para o circuito. Este foi considerado por muitos como uma ascendência positiva e negativa sobre a carreira do guitarrista e recaem suspeitas de que ele teria desviado parte do dinheiro ganho por Jimi Hendrix para paraísos fiscais.

Apesar das dificuldades, a visão de Jimi se expandia para além do conceito do power trio e não por acaso, o álbum Electric Ladyland é repleto de improvisos, viagens jazzísticas, standards de blues e grandes músicas, como "All Along The Watchtower", na versão mais conhecida da canção de Bob Dylan e a sensacional "Crosstown Traffic", mais tarde coverizada pelo Red Hot Chili Peppers.

Diz-se que Electric... influenciou positivamente o mago do jazz Miles Davis a compor seu lendário Bitches Brew. E Hendrix, ao trazer para perto dele músicos como o jovem Stevie Winwood, o percussionista Buddy Miles, Al Kopper, que gravara com Bob Dylan e até Brian Jones, que participou tocando em "Still Raining, Still Dreaming", provava que queria expandir seus horizontes muito além do Experience. Mas as drogas e o álcool já corroíam a carreira espetacular do guitarrista e punham dúvidas acerca do seu futuro dentro da música.


Ficha técnica de Electric Ladyland

Selo: MCA Records / PolyGram
Produzido por Chas Chandler e Alan Douglas
Gravado no Record Plant Studios, em Nova York, em julho e dezembro de 1967, janeiro, abril e agosto de 1968
Tempo total: 75'47"

Músicas:

1. "...And Gods Made Love" (Hendrix)
2. "Have You Ever Been (To Electric Ladyland)" (Hendrix)
3. "Crosstown Traffic" (Hendrix)
4. "Voodoo Chile" (Hendrix)
5. "Little Miss Strange" (Noel Redding)
6. "Long Hot Summer Night" (Hendrix)
7. "Come On (Let The Good Times Roll)" (Earl King)
8. "Gypsy Eyes" (Hendrix)
9. "Burning Of The Midnight Lamp" (Hendrix)
10. "Rainy Day, Dream Away" (Hendrix)
11. "1983... (A Merman I Should To Be)" (Hendrix)
12. "Moon, Turn the Tides... Gently Gently Away" (Hendrix)
13. "Still Raining, Still Dreaming" (Hendrix)
14. "House Burning Down" (Hendrix)
15. "All Along The Watchtower" (Bob Dylan)
16. "Voodoo Child (Slight Return)" (Hendrix)

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