Benjamin Wright, pai do antigo árbitro José Roberto Wright, hoje comentarista da Globo, cunhou uma expressão definitiva.
"O futebol é uma caixinha de surpresas."
E quantas e quantas vezes já não ouvimos? Tanto que parece um ramerrão, mas não é.
Realmente o velho e violento esporte bretão ainda nos prega peças.
Na Europa, quem duvidaria que um dia a poderosa Juventus de Turim, com sua prepotência peculiar, amargaria um vexaminoso rebaixamento à Série B?
Está certo que a justiça por lá deu uma ajudinha e tanto. O alvinegro italiano tinha dezessete pontos de déficit e a penalização já foi neutralizada o suficiente para que os bianconeri já estejam nos calcanhares do... Napoli.
Isto mesmo, o antigo time de Maradona e Careca, com nova direção e a mesma fanática torcida, empolga o norte do país e lidera a Segundona depois de um inferno daqueles na Terceira Divisão - onde foram campeões na temporada 2005/2006 levando mais de 50 mil pagantes ao Estádio San Paolo no jogo final contra o Avellino.
Por aqui, o Grêmio deu um show de competência e levou a cabo aquela velha canção de Paulo Vanzolini. O tricolor gaúcho levantou, sacudiu a poeira das cinzas e deu a volta por cima em 2006.
Depois do épico de Recife, quando com seis na linha e o goleiro Galatto o Grêmio tirou o Náutico da Série A e foi campeão, vieram o título do Gauchão (quebrando a hegemonia do Inter e contra o eterno rival) e um terceiro lugar no Brasileiro com gosto de título, que valeu a volta do time à Libertadores em 2007.
Quem procurou seguir à risca os ensinamentos do Grêmio foi o Atlético Mineiro, que após um início claudicante na Segundona, ganhou a confiança de sua torcida (a mais fiel, disparada, deste ano) e caminhou céleremente rumo ao título. Méritos para a diretoria, que dispensou medalhões, enxugou a folha de pagamento e fez contratos de tiro curto com alguns atletas. E Levir Culpi, o treinador que reconduziu o Botafogo à Série A em 2003, também contribuiu dando chance para a prata da casa.
A volta por cima de Grêmio e Atlético significa também estádios mais cheios na Série A em 2007 (por isso o rebaixamento do São Caetano foi tão comemorado). O Galo tem, por si só, uma apaixonada torcida a seu favor (muito mais que a do rival Cruzeiro), assim como o tricolor dos pampas. E com a volta de Sport e Náutico para a elite em 2007, teremos nada menos que 32 clássicos regionais nos dois turnos, com os times de Rio, São Paulo, Minas, Rio Grande, Pernambuco e Paraná.
Em tempo: em 2005, o Fluminense sofreu com a chacota das torcidas rivais, ganhando o apelido de "flanelinha", porque teve a vaga para a Libertadores nas mãos e na última rodada guardou-a para o Palmeiras se classificar. Antes, perdera a chance de ir para a competição continental como vice do Paulista de Jundiaí na Copa do Brasil.
E neste ano, o que tivemos?
O Vasco é o "flanelinha" da vez, porque também teve sua vaga nas mãos e no fim o Paraná Clube é que ficou com ela. E numa novela bastante semelhante, o alvinegro de São Januário também perdeu a Copa do Brasil. Está certo que foi para um time de muito mais expressão, porém com um elenco medíocre.
Não é nada, não é nada... taí, me sinto intimamente vingado.
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