domingo, 29 de outubro de 2006

Tangos e (quase) tragédia

Domingo também foi dia da Stock Car fazer sua quarta prova internacional, no circuito número sete do Autódromo Oscar Gálvez, em Buenos Aires.

Mas se for para continuar a parceria com o pessoal da TC2000, é bom rever parâmetros, conceitos e principalmente o local do evento.

Notamos hoje na transmissão pela TV que a pista portenha é demasiado estreita para carros tão rápidos e potentes quanto os Stock. Talvez sirva para a F-3 sul-americana, que também correu lá, mas para quem despeja 450 HP de cavalaria, é tudo muito perigoso.

Some-se a isto uma pista molhada pela chuva, com poças em diversos pontos, em razão da péssima drenagem do asfalto. O excesso de água trouxe lama para a pista e os carros pareciam sair de etapas do Rali dos Sertões ou do Transchaco.

E para culminar, tivemos o pavoroso acidente com o carioca Gualter Salles, a poucos minutos do encerramento da competição. Quem não viu, procure ver: é uma das capotagens mais aterradoras da história do automobilismo. O carro se desintegra como papel e voa por mais de 10 metros até cair num túnel de acesso de veículos para o paddock do circuito.


Como milagres também acontecem, Gualter já aparecia na primeira imagem sem máscara de oxigênio, sinal de que estava lúcido, consciente e alerta. A gaiola construída por Edgardo Fernandez e montada pela ZF, de Zeca Giaffone, cumpriu muito bem o seu papel e o cinto de segurança não se rompeu na estrutura - sinal de que neste aspecto a Stock evoluiu muito desde sua criação, em 1979.

E não custa nada lembrar que, em acidentes de menor proporção, houve duas mortes: Zeko Gregorincic em 1985 e Laércio Justino em 2000.

O atendimento do Dr. Dino Altmann e de sua equipe médica foi simplesmente perfeito. Com a ajuda dos bombeiros, serraram partes do chassi para que o piloto fosse liberado dos destroços. E o mais impressionante depois disso tudo é que Gualtinho saiu desta sem nenhuma fratura, ou seja: nasceu de novo.

E que este acidente de hoje sirva de aviso para algumas coisas:

Primeiro que o Autódromo de Buenos Aires não tem condição de segurança para hospedar provas internacionais de NENHUMA categoria. Ele seria facilmente vetado pela FIA e FIM em competições com a chancela da entidade. Ou seja: Fórmula 1, GP2, MotoGP, Superbike, WTCC e FIA GT por lá? Nem pensar!

Como pode a caixa de brita ser um depósito de lama?

Como é que a área gramada é tão irregular a ponto de formar um talude no qual o carro do Gualtinho bateu antes de capotar e decolar?

Segundo que afora isto, os brasileiros foram tratados como cachorros pelos organizadores. A Stock ficou em tendas em Buenos Aires, que com a chuva formaram cascatas de água, impedindo as equipes de trabalharem. Em Curitiba, os portenhos foram muito bem recebidos e tiveram um tratamento cortês e fidalgo. Se a relação é em via de mão única, é melhor parar por aqui.

Em tempo: Ingo Hoffmann venceu a 99ª corrida de sua carreira no automobilismo nacional e Cacá Bueno lidera o campeonato. E antes de escrever mais coisas que podem tornar a discussão mais forte, eu também paro por aqui.

2 comentários:

Anônimo disse...

Para descontrair um pouco Rodrigo, vou postar aqui alguns comentários que uns colegas de um fórum que eu participo deram sobre o acidente. São hilários:

“O Gualter foi totalmente deslocado em sua posição original dentro do carro. Pode-se dizer que nasceu de novo!” (se referido ao fato do piloto está no lado esquerdo do carro – a posição que eles ficam no Stock – o forista pensava que ficava na posição central).

“Sim, a posição é central, mas olhe como as pernas dele ficaram em relação ao seu tronco...”.
(esse aqui estava achando que as pernas do piloto estavam para fora do carro – deve ter sido o próprio piloto ou alguém do resgate que resolveu fazer isso – por conta da batida. Se fosse assim ele teria sofrido uma séria lesão na coluna ou teria morrido no acidente).

Anônimo disse...

ola rodrigo, sem duvida que porrada assustadora. peço a vc que lembre o seguinte: em curitiba foram os hermanos que ficaram em tendas, e de praxe aqui tb, então não vejo nenhuma maldade neste ponto deles, somente que o pessoal da stock deu azar que choveu la e aqui não, deu um solzão daqueles em curitiba. eu moro a 2 KMs do autodramo de curitiba e trb a 3 de la, e estive na corrida e boxes da stock e tc. agora a drenagem do autodramo e dos anos 70 e as areas de escape idem. graças a deus que o gualter saiu inteiro, mas sem duvida acho que e so analizar com calma o que ocorreu e tudo se acerta.