Bendito o dia em que Benedito pisou nas Laranjeiras em 1983.
Benditos aqueles que enxergaram, em dois negros espigados, magros, altos e que tinham química, uma simbiose como poucas vezes vimos no futebol brasileiro nos últimos anos.
Benditos os gols marcados por essa dupla, logo chamada de "Casal 20", alusão muito bem-humorada ao seriado global estrelado por Robert Wagner e Stephanie Powers - que em tempos modernos de cyberbulling seria vítima, sem dúvida alguma, de brincadeiras jocosas e infelizes.
Bendito Benedito, que aos 45 minutos do segundo tempo de um Fla-Flu em fins de 1983, recebeu lançamento primoroso de Deley, esticou a bola na frente e, com passadas largas e convicção tremenda, avançou rumo ao gol flamengo defendido por Raul Plassmann. O lado tricolor das arquibancadas, que já deixava o Mário Filho, explodiu com o gol fatal, histórico, irreversível, inenarrável.
Bendita comemoração, mãos na cabeça como quem diz "eu não acredito!", que fica para sempre marcada dentro dos nossos corações tricolores.
Bendito título, o primeiro.
Bendito Benedito, que no ano seguinte, noutro Fla-Flu, subiu alto, impávido colosso, para finalizar de cabeça um cruzamento perfeito do nosso camisa #4 Aldo. Bendito Benedito que fez Ubaldo Matildo Fillol brincar de estátua. Bendita explosão nas arquibancadas. Bendita alegria. Bendito bicampeonato carioca.
Bendito título, mais um, de um Flu campeão brasileiro de 1984 e tricampeão carioca em 1985.
Bendito sorriso que não se apagava do rosto de Benedito Assis Silva. Benditas comemorações dos amigos eternos, mãos espalmadas, pulos de alegria e abraços sinceros.
Bendito destino que levou Washington em 25 de maio, vítima de uma doença degenerativa - esclerose lateral amiotrófica (ELA). Destino que une, mais de três décadas depois, o camisa #9 daquele time histórico do Fluminense e o velho amigo Benedito, nocauteado aos 61 anos por uma insuficiência renal.
As tabelinhas infernais e os gols do Casal 20 agora serão noutro plano. E celebradas pelas crônicas imortais de Nelson Rodrigues.
Benditos ídolos Washington e Assis. Ah, pobres de espírito aqueles que profanam pelas esquinas que o Fluminense não tem ídolos.
Aí está a prova: Assis, o Carrasco, vira mito. Fica para a eternidade. A nação tricolor chora a perda daquele que honrou a camisa #10 como ninguém.
Vai com Deus, ídolo eterno! |
Bendito, Benedito... bem dito Assis, o "Carrasco".
Saudade!
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