sexta-feira, 30 de setembro de 2011

Meninos, eu vi - Stevie Wonder no RiR


A quinta-feira foi um dia extra na programação do Rock in Rio. Aparentemente, o dia 29 estava riscado do mapa do festival.Agora, o dia 29 de setembro entra (mais um dia!) na história do evento, da música e com certeza na minha memória.

Mais cedo, escrevi no twitter que era o dia do aprendiz e do mestre. Jamiroquai antes, como um 'aquecimento' e Stevie Wonder, a lenda, o mito, o Pelé do soul e do R&B, tocando em nossa terra depois de muito tempo.

De fato, a apresentação de Jamiroquai foi correta, mas não muito além disso. Faltaram clássicos como "Space Cowboy" e "Virtual Insanity" e embora o groove de suas canções dissesse 'presente', faltou interação com o público. Se eu tivesse que dar uma nota para Jay Kay e sua ótima banda, daria um 7. O show dele esteve para o evento de 2011 como o de Beck esteve para o de 2001. Perfeito para um evento como o Free Jazz Festival, por exemplo, se o Free Jazz existisse.

O intervalo entre o show de Jamiroquai e Stevie Wonder só fez aumentar a expectativa do que o veterano cantor e compositor faria no Palco Mundo do Rock in Rio. E do começo ao fim, sem tirar nem pôr, o que vimos, ouvimos e presenciamos foi simplesmente fantástico. Um desfile de grandes canções e um artista e uma banda felizes por estarem ali diante de uma multidão igualmente fantástica.

Stevie mandou muito bem nos clássicos de costume, enchendo nossos ouvidos de groove e nos emocionando com músicas como "Overjoyed", cantada ao piano após uma épica e histórica intervenção dele, de sua filha Aisha (uma das integrantes do coro de apoio) e do próprio público, em participação maciça, em "Garota de Ipanema" e, surpresa das surpresas, em "Você abusou", clássico de Antônio Carlos & Jocafi que fez sucesso internacional nos anos 70. Tom Jobim, Vinícius de Moraes, Antônio Carlos e Jocafi nunca se sentiram tão homenageados musicalmente por um artista internacional e por uma plateia de mais de 80 mil pessoas.

Claro, não podiam faltar as pérolas de seu repertório: "Higher Ground", "Sir Duke", "As", "Superstition", "I just called to say I love you" - canção que lhe conferiu o Oscar nos anos 80, e não foi à toa que o 'Pelé do Soul' ganhou 25 Grammys em sua carreira.

Ele insistiu em nos emocionar com "My chérie amour" e "You are the sunshine of my life" e pôs todo mundo para cantar com ele em "Isn't she lovely". E não foi só isso... a partir de sua emocionante versão de "Garota de Ipanema", ele virou do avesso o seu próprio setlist e não cantou baladas épicas como "For once in my life" e "Ribbon in the sky".

Pensando bem, e daí?

Daí que foi um show memorável, épico, espetacular, incrível, que dispensa demais adjetivos. Uma goleada musical que varou a madrugada e fez valer cada momento, cada nota, cada melodia, cada lágrima que derramamos nesta noite de quinta-feira.

Certeza que viver vale a pena depois de ver um homem com quase 50 anos de carreira fazer o que faz de melhor com alegria, paixão, carinho e respeito pelo público e pela música brasileira. Como disseram Tom e Vinícius em "Garota de Ipanema"... 'o mundo inteirinho se enche de graça e fica mais lindo por causa do amor'.

E foi esse amor do público brasileiro por Stevie Wonder que ele sentiu intensamente na pele, na alma e no coração.

Obrigado por existir, Stevie!

2 comentários:

Denise do Amaral disse...

Parabéns ... Mais um texto impecável ...

Anônimo disse...

Stevie e vc...numa madrugada como a de hj!!! rsss eu não aguento tanta emoção!!! Parabens! Suas palavras chegaram bem perto da emoção que ele nos despertou nessa apresentação...MEMORÁVEL!!!